Escolha o seu wetsuit sem erro

Atualizado em 21 de novembro de 2017
Mais em Treinamento

Para a maioria dos triatletas, a natação é com certeza a modalidade na qual mais se sofre com a chegada do inverno. Isso porque a baixa temperatura da água faz com que os músculos fiquem rígidos e sem flexibilidade para o movimento. Sem contar que o organismo acaba gastando mais energia para manter o corpo aquecido e que existe o risco de hipotermia. Nessas condições, um acessório acaba sendo imprescindível para o triatleta: o wetsuit.

Segundo as regras da Internacional Triathlon Union (ITU), a roupa de borracha (que na verdade é de neoprene) é liberada para triatletas amadores quando a temperatura da água está abaixo de 22ºC em provas com até 1.500 metros de natação, abaixo de 23°C em provas com até 3 mil metros de natação e abaixo de 24°C em provas com mais de 3 mil metros de natação. Para temperaturas abaixo dos 15°C, a roupa é obrigatória.

 

 

Algumas provas, como o Ironman Brasil, permitem o uso da roupa por atletas amadores, independentemente da temperatura da água. A principal função desse tipo de roupa é manter o corpo aquecido. Muitos modelos, porém, vão além disso, proporcionando ao atleta maior flutuabilidade ou menor atrito com a água, entre outras características que melhoram a hidrodinâmica na natação. Contudo, é preciso saber escolher o modelo mais adequado ao seu biótipo e estilo de nado, para que o wetsuit não acabe prejudicando em vez de ajudar.

Dicas para escolher o seu wetsuit

Como é a sua natação?

O primeiro passo para adquirir um wetsuit é avaliar sua natação. Você é um nadador iniciante ou experiente? Suas pernas tendem a afundar? Seu objetivo é sobreviver à natação e sair inteiro para o ciclismo ou ficar no primeiro pelotão? Você sente que as roupas de borracha prendem o movimento dos ombros?

Atletas que têm dificuldade com a posição do corpo na água devem procurar roupas com neoprene espesso (entre 3 e 5 mm, que é o máximo permitido), principalmente nas regiões das pernas e do tronco — quanto mais grosso ou aerado o neoprene, maior a flutuabilidade.

Já bons nadadores devem priorizar o conforto e a manutenção da técnica sem esforço adicional, daí a importância de modelos com menor espessura (1,0 a 1,5 mm) e maior flexibilidade nas extremidades e laterais do tronco. Apesar de comumente os “nadadores de ofício” e atletas com braços fortes procurarem o long john (modelo sem mangas), é importante ressaltar: esse tipo de wetsuit sempre será mais lento que o modelo de mangas longas, que proporciona menor atrito com a água. Se um long john dá um benefício de 7s/100 metros, um equivalente com mangas dará 9s.

Que tipo de corpo você tem?

Você é alto e longilíneo ou mais forte na região do tronco? Tem pernas pesadas, típicas dos bons ciclistas, ou um perfil mais magro? Cada fabricante tem uma forma que se adapta a diferentes perfis. As roupas da neozelandesa Orca e da americana 2XU, por exemplo, são curtas e largas no tronco.

São, por isso, consideradas ideais para atletas endomorfos (de estrutura larga). Mas podem pressionar os ombros, no caso de nadadores com o torso longo, e ficar folgadas nos mais magros. Já a Aqua Sphere Phantom tem diferenças no posicionamento e na largura do cinturão estabilizador, além de diferentes comprimentos das mangas e pernas entre os modelos feminino e masculino — mulheres que não tenham o quadril largo ou a cintura marcada, ou que tenham os braços longos, podem se sentir mais confortáveis com a roupa masculina.

É importante lembrar que o traje deve ficar justo ao corpo como uma segunda pele, permitindo a entrada de pequena quantidade de água sem prender os movimentos do nadador.

Que provas você vai disputar?

Que provas você vai disputar? No Brasil, dificilmente a água atinge temperaturas extremamente baixas. Portanto, na hora de comprar um wetsuit, o conforto é mais importante que a espessura da roupa. A distância das provas também conta: as curtas pedem roupas simples e fáceis de tirar, enquanto as longas exigem conforto e boa dose de suporte para o tronco. As opções com flutuabilidade neutra costumam ser as preferidas dos atletas em provas rápidas, enquanto roupas espessas, que privilegiam a flutuação das pernas, são recomendadas para provas como o Ironman.

Quanto você pode investir?

Há wetsuits em várias faixas de preços. Não necessariamente o melhor modelo para você será o mais caro. Iniciantes, por exemplo, podem ser beneficiados por roupas baratas, feitas com neoprene espesso em toda a sua estrutura, que oferecem maior flutuabilidade. Por sua vez, nadadores excepcionais podem preferir wetsuits sem recursos que alterem sua posição na água e com boa flexibilidade nas extremidades — características normalmente encontradas nas linhas intermediárias.

A melhor forma de avaliar a relação custo-benefício de um wetsuit:

É determinar o peso que ele terá na sua prova. O mais importante é que o traje ofereça conforto durante toda a natação, seja ajudando a melhorar sua postura na água ou não interferindo na técnica. Já a questão da velocidade, influenciada pela flutuabilidade, pela hidrodinâmica e pelos recursos tecnológicos da roupa, ganha maior relevância à medida que as ambições competitivas do atleta forem crescendo.

Outros pontos a se considerar:

Quase todas as grandes marcas do triathlon fabricam seus wetsuits usando neoprene da japonesa Yamamoto. Seu material é numerado de acordo com a flexibilidade. Os zíperes também costumam ser da mesma fabricante: YKK. Evite modelos que tenham zíper de plástico, que se deterioram rapidamente. Para transições rápidas, os trajes com “zíper reverso”, que se abre de baixo para cima, são a melhor opção.

*Por Ana Lídia Borba