Um bate-papo com Ciça Carvalho, a melhor amadora no Ironman Florianópolis 2016

Atualizado em 20 de setembro de 2016
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vo2_300Por dois anos consecutivos, Ciça foi a melhor amadora no Ironman Florianópolis, além de ser a detentora do recorde no percurso. Confira o bate papo com  o MundoTRI depois da prova:

MundoTRI: Ciça, mais uma vez você detonou em Floripa. Você faria o Ironman Texas, mas mudou de última hora. Como foi?

Ciça Carvalho: O Texas sofreu com fortes chuvas nos meses que antecederam a prova e o percurso do ciclismo do ano passado entrou em obras, inviabilizando a competição naquele local. Os organizadores foram obrigados a correr atrás de outras opções mas tiveram muitas dificuldades de encontrar um novo percurso devido às enchentes e acabaram decidindo por reduzir o ciclismo para 150km com cerca de 80 curvas. Nós ja havíamos sido comunicados sobre as dificuldades, mas quando eu soube da redução e das características do novo percurso, perdi de vez a vontade de competir lá. O ciclismo é o meu ponto forte e seria uma prova muito “desfavorável” para mim. Por sorte consegui reembolsar a viagem e o comunicado definitivo veio um dia antes do encerramento das inscrições para Floripa.

MundoTRI: Seu pedal foi o 4º melhor geral entre as mulheres. Foi uma prova onde arriscou ou manteve o programado para correr bem?

Ciça Carvalho:  O programado é sempre pedalar forte, mas não me sinto arriscando a corrida. Eu treino assim e foi o que eu fiz.

MundoTRI: Sentiu-se ameaçada na categoria ou como melhor amadora geral em algum momento na prova? Como manter-se motivada sabendo-se que está muito à frente das demais? 

Ciça Carvalho: Eu saí da água em 4º lugar geral, 2º na categoria e com várias mulheres saindo junto. A minha estratégia foi a de sempre: pedalar forte para buscar as meninas, a partir daí, abrir a maior vantagem possível para correr com mais tranquilidade. Assumi a liderança por volta do km 50 e mantive o ritmo acelerado. Só consegui saber ao certo o tamanho da vantagem depois do retorno em Canasvieiras, por volta do km 10 da corrida. A distancia era boa, mas o Ironman é uma prova muito longa e tudo pode acontecer, então me mantive concentrada e dei meu máximo até o final. A minha motivação é sempre melhorar e voltar a Kona para competir de igual para igual com as meninas da minha categoria. Lá o nível é altíssimo.

MundoTRI: Você foi top 10 geral na prova, vencendo muitas profissionais. Claro que são provas diferentes, mas como você avalia esse resultado? 

Ciça Carvalho:  É outra prova, largamos 40 minutos mais tarde e as condições mudam muito. Claro que fico feliz em ser top 10. É uma referência importante e me mostra que estou no caminho certo, mas não me iludo com esse resultado.

 

MundoTRI: Pretende correr como profissional no próximo ano?

Ciça Carvalho: Por hora, não. Fui top 10, mas a diferença para as primeiras colocadas ainda é muito grande.

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MundoTRI: E Kona, quais expectativas? Como avalia a chance de um pódio ou até mesmo vencer sua categoria no Havaí?

Ciça Carvalho:  A expectativa é boa, me sinto bem e meu objetivo é subir no pódio. Ano passado tive problemas na corrida e fiquei em 9º. Eu acredito que se encaixar uma boa prova lá como consegui em Floripa nos últimos 2 anos, tenho chance de um top 5. Ganhar é muito difícil, o nível é muito alto e a prova dura. Mas tudo é consequência de uma excelente prova, coisa que eu ainda não consegui fazer no Havaí. Vou buscar mais uma vez.

MundoTRI: Algum aspecto do seu treino que mudou em relação aos últimos anos?

Ciça Carvalho: Eu sinto que consigo treinar melhor a cada ano. Cada ciclo de Ironman ensina bastante e vou aprendendo com meus erros e acertos. Acho que experiência conta muito nesse tipo de prova.

MundoTRI: Qual sua opinião sobre a largada por ondas, com as mulheres largando por último? A prova foi mais limpa para vocês?

Ciça Carvalho:  Eu acredito que a prova foi mais limpa e mais difícil, pegamos mais vento no ciclismo devido ao horário. Eu achei a mudança super positiva. A prova ficou mais justa e mais segura, a natação mais diluída e, consequentemente, a saída da transição também.

MundoTRI: Qual o caminho daqui até a Big Island, alguma prova de 70.3?

Ciça Carvalho:  Ainda não definido, preciso conversar com o meu treinador e analisar a minha recuperação. Eu gostaria de fazer um 70.3 em agosto, vamos ver.

MundoTRI: O que diria para quem pretende fazer seu primeiro Iron nos próximos anos?

Ciça Carvalho:  Vá com calma que você chega lá! Não pule etapas da preparação e se comprometa com o seu objetivo. Organize sua rotina. O Ironman é uma prova sensacional se você estiver preparado, mas pode ser traumatizante caso contrário. Faça por você!

MundoTRI: Algum agradecimento especial pela conquista?

Ciça Carvalho:  Agradeço em especial ao meu treinador, meu namorado, amigos e aos profissionais que estão há anos do meu lado e apesar de todas as lesões que eu já tive, nunca deixaram de acreditar em mim.

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