Após grande resultado no Ironman, Mariana Andrade segue rumo ao Powerman Brasil

Atualizado em 20 de setembro de 2016
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Com um excelente 6º lugar no Ironman Florianópolis, Mariana Andrade abriu as portas para tentar uma vaga no Mundial de Ironman, em Kona. A campeã do Powerman Brasil 2015 também defenderá seu título daqui 8 semanas, mais uma vez correndo em casa, na Ilha da Magia.

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MundoTRI: Mari, você considera essa a melhor prova de sua carreira?

Mariana Andrade: Considero meu 2o melhor Ironman até hoje. No Ironman de 2014 fiz 9h14min e fui 8a colocada, mas, infelizmente, o vácuo na etapa do ciclismo influenciou bastante o resultado final da prova feminina. Estou bastante contente com a prova de Floripa. Enfrentei algumas dificuldades no período de preparação, o que impossibilitou dar a sequência de treinos que gostaria, principalmente na parte da corrida. Mas contei com uma equipe muito competente de fisioterapeutas, que me deixou apta a competir. A ideia, desde o início, era compensar essa desvantagem com a experiência que tenho aqui (minha 9a participação), sem perder a concentração na minha prova, não cometer erros na nutrição e me manter positiva durante todo o dia. Usei os obstáculos enfrentados como motivação e fiz uma prova redonda.

MundoTRI: Como o retorno ao técnico Brett Sutton contribuiu para sua conquista?

Mariana Andrade: Iniciei os treinos online com a Trisutto em janeiro de 2014. O primeiro semestre do ano passado foi de adaptação e, em junho, tive a oportunidade de passar 6 semanas com o grupo em um Training Camp na Suíça, o que me fez voltar de lá extremamente motivada e compreendendo melhor a filosofia da equipe. Com mais de 70 vitórias como treinador em provas de Ironman, pode-se dizer que o Brett e os membros da Trisutto conhecem o “caminho das pedras”.

Minha natação evoluiu demais desde que iniciei os trabalhos com eles, e isso mudou completamente a sequência da minha prova. Antes depositava tudo no ciclismo e, muitas vezes, não sobrava nada no “tanque” para a etapa da corrida. Atualmente, percebo que minha prova está muito mais equilibrada, e o fato de sair mais perto das líderes da água facilita a “caça” no pedal, deixando-me mais inteira para a corrida.

MundoTRI: Você esperava esse 6º lugar? Como isso muda sua luta para chegar em Kona? Como analisa suas chances?

Mariana Andrade: O objetivo é sempre dar o meu melhor durante toda a prova e lutar até o fim. Em provas dessa distância acabo focando mais na minha performance, e a colocação vem como consequência de um trabalho bem executado. O 6o lugar me deixou muito feliz e me colocou na disputa por uma vaga para Kona (foram 1670 pontos). Somados aos 500 pontos da vitória no Ironman 70.3 Rio, acredito que 2 provas de Ironman boas me classifiquem para o Mundial.

MundoTRI: Você acredita que a largada dos amadores em ondas deixou a prova da elite feminina mais limpa?

Mariana Andrade: Em anos anteriores, os pelotões masculinos logo nos alcançavam, algumas atletas se “escondiam” nos mesmos ou “brigavam” com eles, tentando ultrapassa-los. Aí alguns homens com egos inflamados ultrapassavam novamente e muitas vezes diminuíam o ritmo em seguida, deixando-nos em situação de vácuo e gerando um grande desgaste no “freia” para sair do vácuo e “acelera” para passar o pelote.

A prova deste ano foi bem mais justa. Pouquíssimos amadores nos passaram na etapa do ciclismo. A categoria 30-34 masculina, que é muito forte, largou 15’ após a elite feminina. O ideal seria largar alguns minutos depois, mas já podemos dizer que foi uma enorme evolução.

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MundoTRI: Você enxerga uma evolução nos profissionais brasileiros em provas de longa distância? O fato de recebermos os campeonatos mundiais tem contribuído para isso?

Mariana Andrade: Com certeza, o fato de termos mais provas de longa distância no Brasil contribuiu muito para a evolução dos nossos atletas. Hoje há mais visibilidade, maiores premiações e um calendário com uma grande opção de provas longas em solo nacional. Já no Triathlon Olímpico/Short acontece o contrário, o que faz com que muitos atletas de alto nível das distâncias curtas migrem para as longas, aumentando ainda mais a competitividade em provas como o Ironman e Ironman 70.3.

MundoTRI: Em alguns momentos da prova, no ciclismo, você reclamou das adversárias, o que aconteceu?

Mariana Andrade: Em um determinado momento busquei duas meninas que estavam pedalando juntas, mas creio que logo que passamos o túnel uma delas foi penalizada. No restante da prova procurei focar no meu ciclismo e deixar a fiscalização para a arbitragem, pois em anos anteriores muitas vezes acabava perdendo o foco com essas situações. Como disse anteriormente, a largada em ondas deixou a prova mais justa.

MundoTRI: Vai mudar sua programação de provas após esse resultado para buscar a vaga para Kona? Precisa fazer mais um Iron, certo?

Mariana Andrade: Estou conversando com minha treinadora sobre isso durante a semana, pois até domingo o foco era o Ironman Brasil. Por termos menos vagas em Kona na categoria feminina, acredito que preciso de um grande Ironman ou dois bons Irons para obter a classificação necessária para o Mundial.

MundoTRI: Qual ponto considera sua maior evolução desde o Iron 2015?

Mariana Andrade: A confiança. Passei a acreditar mais em mim e focar na minha prova.

MundoTRI: Vai defender seu título no Powerman Brasil?

Mariana Andrade: Gostei muito da prova e será um prazer defender o título em casa. Porém se for em busca da vaga de Kona, o Powerman torna-se inviável.

MundoTRI: Algum agradecimento especial pela conquista?

Mariana Andrade: À minha família e aos amigos, que tanto me incentivam e sempre vibram com as minhas conquistas. Minha 2a família, que são os alunos da Equipe Time, aos quais procuro dar bom exemplo dentro e fora das provas. Meus patrocinadores e apoiadores, que ajudam a tornar viável minha vida no esporte. Todos acima, além de me apoiarem durante a preparação para a prova, foram incríveis torcedores no domingo.

A torcida da galera no momento de uma prova como o Ironman é contagiante e fundamental. É o que me faz querer dar o meu melhor a cada quilômetro e vencer os meus limites.

Ainda gostaria de agradecer os treinadores da Trisutto (Susie, Cali e Brett) que estão sempre me guiando e transmitindo sábios conselhos, com muita paciência.