Mais uma missão cumprida na vida de Eliziário

Atualizado em 21 de setembro de 2018
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POR FERNANDO MELLO

Dos 1073 heróis que completaram o Ironman Brasil no último domingo, em Florianópolis (SC), um deles certamente se sente mais vitorioso do que os outros. Não, não é o argentino Oscar Galindez, campeão da prova pela terceira vez (foi campeão também em 2001 e 2003). O herói é Eliziário dos Santos, o “Motorzinho”, que completou os 3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42,2 km de corrida em 14h25min22s. Parece nada demais se Eliziário não fosse deficiente e se este não fosse o segundo Ironman dele, único cadeirante da América Latina a disputar esse tipo de prova.

“Foi duro, principalmente por causa do vento contra no ciclismo. Sofri muito, mas foi difícil para todos e o importante é que consegui terminar bem. Fiquei em 978º lugar, entre os 1.073 que completaram”, contou o atleta de 44 anos. Eliziário era ultramaratonista e ficou paraplégico em 1995, depois que foi baleado em um assalto à loja que gerenciava.

“Eu tinha dois grandes objetivos. O primeiro era completar e o outro baixar a minha marca. Infelizmente, não deu para melhorar o tempo, mas vou continuar tentando”, lembrou. Em 2005, ele terminou a competição em 14h06min00s.

Segundo o triatleta, o mais importante do Ironman foi o apoio recebido antes, durante e depois da prova. “Para mim é muito difícil competir nessa prova, em todos os aspectos. Pelo esforço, pelo treinamento e, sobretudo por causa dos equipamentos. Tenho de levar três cadeiras. Mas lá na prova foi tudo muito bom. Fui bajulado. Tenho até fã-clube. O pessoal da pousada onde fiquei montou um fã-clube e foi torcer”, contou, muito orgulhoso.

Agora, o objetivo é participar bem da 3ª etapa do Troféu Brasil, dia 11 de junho, em Goiânia (GO). “Estou me organizando para conseguir transportar minhas cadeiras até onde o ônibus do pessoal vai sair”, comentou. Além do Ironman e do Troféu Brasil, Motorzinho visa os Jogos Parapan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007. “Quero participar deste grande evento, defender o meu País. Vou buscar vaga na natação e o Rivaldo está vendo se terá minha categoria no ciclismo”, revelou, referindo-se a Rivaldo Martins, um dos pioneiros no esporte adaptado. Martins já participou de três paraolimpíadas e hoje está à frente do Comitê Paraolímpico Brasileiro.