Sai pra lá, bandido

Atualizado em 16 de outubro de 2018
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* Por Gabriela Capo

Passa o dia à base de barrinhas? Não perdoa uma granola? Na véspera do treino manda um macarrão instantâneo? Cuidado… Aparentemente, eles parecem benéficos ou práticos. Na realidade, não passam de inimigos de uma alimentação balanceada. Os vilões de uma boa alimentação vão de barras de cereal a refrigerantes diet ou light, passando por saladas com molho e a tradicional comida japonesa.

Não é à toa que o principal alvo da indústria alimentícia são os “escravos da sociedade moderna”, que têm cada vez menos tempo para cozinhar de maneira adequada e apelam para a facilidade dos alimentos preparados. A industrialização dos alimentos vai além da pobreza dos nutrientes. “Há excesso na quantidade de calorias vazias, que comprometem qualquer dieta”, diz o nutricionista Luís Ricardo Alves, responsável pelo portal Nutrição Fácil.

Alimentos industrializados (geralmente ricos em sódio, açúcar, adoçante light ou ácido fosfórico), fast-food, comidas congeladas… Nada disso pode ser comparado ao bom e velho arroz e feijão. Ao tipo de comida mencionado no início do parágrafo faltam calorias necessárias para que a pessoa não sinta fome tão logo a digestão seja feita, além de diminuir a quantidade de vitaminas e minerais — essenciais ao bom funcionamento do corpo. O consumo em excesso de enlatados (inclusive chás), embutidos (salsicha, linguiça, salame, mortadela, presunto), barrinhas de cereal, biscoitos recheados, sorvetes, pão de queijo, doces e vegetais congelados aumenta o risco de diabetes, hipertensão, colesterol ou triglicérides elevados, insônia, obesidade, mau humor e até mesmo falta de disposição.

Margarina comum e gelatina industrializada devem ser cuidadosamente dosados — ou eliminados da dieta. E atenção dobrada: evite gordura vegetal hidrogenada (gordura trans), presente inclusive em alguns biscoitos de polvilho.

Bebidas
Os sucos em pó, famosos pela praticidade, são feitos basicamente de corantes e açúcar. “São altamente prejudiciais ao organismo, em especial aos dentes”, afirma Mariana Exel, nutricionista do Hospital Samaritano de São Paulo. Quem tem hipertensão deve tomar cuidado com o alto teor de sódio que eles apresentam. “Sucos naturais de frutas, além de mais saborosos, são mais nutritivos”, reforça.

Refrigerantes diet — sempre deficientes de algum macronutriente em relação à versão normal — são recomendados aos que têm diabetes. Já os light ou que apresentam 0% de calorias não possuem nenhum benefício. Priscila Di Ciero, nutricionista esportiva funcional, ainda alerta: refrigerantes com açúcar contêm xarope de milho, componente que aumenta a gordura abdominal e prejudica a reposição de glicogênio muscular — fundamental para a recuperação atlética.

Na salada, sempre prefira azeite em detrimento de molhos. Eles têm como grande vilão o sal, que provoca retenção hídrica e hipertensão. “A reposição de sódio é correta apenas depois da atividade física”, diz a nutricionista Cida Queiroga, especialista em nutrição em esportes. Realçadores de sabor como caldos de carne, azeitonas e bacon são campeões em quantidade de glutamato monossódico — que não deixa de ser sal. Mesmo a culinária japonesa, rica e diversificada, aposta em algumas frituras e muito sódio.

O equilíbrio nutricional deve ser buscado ao montar um prato. “O molho de soja, por exemplo, além do sal, contém tiramina, causador da enxaqueca”, alerta queiroga. Outro campeão em sódio é o macarrão instantâneo. Em apenas um pacote há mais sódio do que o valor total diário recomendado para consumo. “Além disso, possuem glutamato monossódico, que pode causar dependência e gordura em sua massa”, aponta Mariana Exel. Nada de salgadinhos industrializados tampouco. Repletos de gordura trans, sódio, açúcares, corantes e conservantes, eles não possuem valor nutricional algum e ainda “podem trazer prejuízos nutricionais, alergias alimentares e auxiliar no desenvolvimento de algumas patologias”, garante Mariana.

Barrinhas traiçoeiras
Pela praticidade, as barrinhas de cereais foram adaptadas aos hábitos da vida moderna. Muito embora saciem a fome por conta das fibras, prefira as barrinhas com frutas secas, quinua, flocos de arroz e com a menor concentração de açúcares e gorduras. “Leia sempre os rótulos antes de consumi-las”, aconselha a nutricionista Mariana Exel. “Apesar de boa opção para ingerir entre as refeições, devemos sempre preferir alimentos naturais.”

Passe longe
Enlatados
embutidos
Legumes Congelados
Sucos em pó
Refrigerantes light ou diet
Chocolate branco
Salgadinhos industrializados
Sorvetes
Biscoitos recheados
Macarrão instantâneo
Molhos de salada
Chás em lata
Bebidas gaseifi cadas
Margarina
Realçadores de sabor
Açúcar refinado
Alimentos que contenham gordura vegetal hidrogenada (gordura trans)

Apesar de saudáveis
O perigo de alguns alimentos saudáveis está na quantidade de calorias. O açaí, por exemplo, excelente fonte de vitaminas C, E e fonte de gorduras benéficas ao corpo, minerais e potássio, atrapalha a meta de emagrecimento se ingerido em grande quantidade ou se passar por processo de industrialização.

A granola, o principal acompanhante do açaí, contém fibras. Mas, muitas vezes, as empresas alimentícias misturam açúcar no cereal, tornando-o mais calórico ainda.

O chocolate amargo ou meio amargo possui tanto a gordura boa quanto a ruim. Contém substâncias antioxidantes — que retardam o envelhecimento —, faz bem ao coração e diminui a ansiedade. Já o branco não possui nenhuma dessas qualidades. “Castanhas, macadâmia, nozes, amêndoas e avelã também são benéficas. Contudo, devem ser ingeridas com moderação”, explica o nutricionista Luís Ricardo.

E, na hora do cafezinho, passe longe de adoçantes — principalmente por possuírem sódio, que retém líquidos no corpo.

* Reportagem da edição de abril de 2011 da Revista O2