Ovo: de vilão a mocinho na nutrição

Atualizado em 16 de outubro de 2018
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Uma gema de ovo grande chega a ter quase 200 mg de colesterol, que é o limite do consumo diário recomendado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Isso fez com que durante muito tempo o alimento carregasse a fama de vilão, sendo considerado um perigo para o bom funcionamento do coração. Nos últimos anos, porém, várias
pesquisas ao redor do mundo vêm desmistifi cando essa fama e mostrando que, na verdade, ele é um benfeitor mal compreendido.

Estudos têm verifi cado que, no caso de adultos saudáveis, o consumo regular de ovos (um ou dois por dia) não só não predispõe a doenças cardíacas como também contribui para evitar esse mal. Em um dos mais recentes, pesquisadores da Universidade Estadual do Kansas (EUA) descobriram que a lecitina encontrada na gema do ovo impede a absorção de colesterol em excesso pelo organismo, diminuindo consideravelmente os níveis de LDL (colesterol ruim) na corrente sanguínea. Outro benefício atribuído à lecitina, segundo estudos, é sua capacidade de auxiliar no metabolismo da gordura corporal, contribuindo também para evitar o sobrepeso — este sim perigoso para o coração. “Além disso, o consumo de ovo melhora a produção de adiponectina, que é um hormônio liberado pelo tecido adiposo na corrente sanguínea. As pessoas
que liberam menos adiponectina têm tendência ao sobrepeso e à obesidade”, complementa a nutricionista Denise Entrudo, especialista em nutrição esportiva e treinamento físico.

ALTO VALOR NUTRITIVO

Antes tão temida, é a gema que paradoxalmente concentra a maior parte dos nutrientes presentes no ovo. Nela encontramos minerais como ferro, magnésio, cálcio, manganês, sódio, potássio, cobre e zinco, além de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) e hidrossolúveis do complexo B (B1, B2, niacina, biotina, ácido fólico, vitamina B12, ácido pantotênico e colina). Também é rica em carotenoides com ação antioxidante, como a luteína e a zeaxantina.

Já a clara é fonte de proteínas de alto valor biológico, que contém todos os aminoácidos essenciais (não produzidos pelo nosso organismo), sendo muito consumida por atletas para ganho de massa muscular.

INCLUA O MOCINHO NA SUA DIETA

Segundo a nutricionista Denise Entrudo, estudos têm comprovado que o consumo de ovos pela manhã causa mais saciedade ao longo do dia, sendo uma boa opção para quem quer controlar o peso. “Mas também é um excelente aporte proteico no período matutino, substituindo fontes como presunto, peito de peru e blanquet, que possuem
sódio em excesso e conservantes nada saudáveis para o organismo”, comenta. Já no almoço e no jantar, acrescenta a nutricionista, os ovos também podem substituir outras fontes, como a carne, pois contêm proteínas de alto valor biológico, além de serem mais práticos de preparar. “Em relação à quantidade a ser consumida, o ideal é
consultar um nutricionista, que avaliará a necessidade nutricional de cada um”, ressalta Denise, que a seguir sugere duas receitas saudáveis e saborosas para acrescentar o “mocinho” à sua dieta.

FRITO, COZIDO OU MEXIDO?

Fritar o ovo é a maneira mais comum de preparo, porém a menos saudável, pois o óleo aumenta o valor calórico do alimento, assim como o teor de gorduras e o colesterol.
Assim, o ideal é optar por formas mais saudáveis, como o ovo mexido ou cozido. O mexido deve ser feito em frigideiras com revestimento antiaderente, que dispensam a
utilização do óleo ou necessitam apenas de uma quantidade pequena para que o ovo não grude em sua superfície. A opção mais saudável, no entanto, é cozinhar o ovo com casca na água ou ainda prepará-lo à moda pochê, quando é colocado sem casca diretamente na água fervente.

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