Gordura pode não fazer mal à saúde, diz estudo

Atualizado em 28 de junho de 2017

Você já leu na O2 tudo sobre a polêmica gerada pela Dieta Paleolítica na matéria “A subversão das dietas” (edição 122, de junho de 2013), quando o jornalista norte-americano Gary Taubes, um dos editores da Science e autor do polêmico livro “Why we get fat” (Por que nós engordamos), defendeu sua ideia de que uma dieta rica em gorduras não é responsável pela obesidade e doenças do coração, mas sim a quantidade de carboidratos ingerida. A dieta que ele defende, a Paleo, libera a ingestão irrestrita de gorduras e proteínas, as quais seriam usadas como fonte de energia.

Agora, um livro com novos estudos tenta, novamente, demonstrar que pode ser possível abandonar essa crença de que a gordura saturada faz mal à saúde, principalmente a do coração. Segundo a publicação, mesmo comendo muita carne vermelha e manteiga, por exemplo, você pode continuar saudável e jovem.

O assunto retornou às discussões, depois que Nina Teicholz, uma jornalista americana que sempre se preocupou com a alimentação saudável, se viu obrigada a deixar isso de lado quando passou a trabalhar como crítica gastronômica. As carnes gordurosas, as sopas creme e tudo aquilo que ela evitava por ser gorduroso passou a fazer parte do seu cardápio diário. Resultado: ela perdeu 4 kg e manteve seu nível de colesterol estável.

Foi então que resolveu pesquisar sobre o assunto, lançando o livro “The big fat surprise: why butter, meat and cheese belong in a healthy diet”, que em português seria “A grande surpresa da gordura: por que manteiga, carne e queijo pertencem a uma dieta saudável”. O assunto rendeu reportagem na The Economist, que traz os novos alertas do livro sobre como a gordura é encarada por grandes empresas de alimentos, o que as pessoas comem e como e por quanto tempo elas vivem.

Vilã ou mocinha?
A doença cardíaca é a principal causa de morte não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Provavelmente, você já escutou, ao menos uma vez, que comer alimentos com gordura saturada aumenta o nível de colesterol no sangue, fazendo com que os riscos de doença cardíaca e derrame também cresçam. Pelo menos são essas as recomendações dadas por autoridades no assunto, como a American Heart Association e a Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Ainda segundo a página do The Economist, a questão levantada agora é se a gordura saturada é realmente a culpada. Para mostrar que não, Teicholz disseca, os argumentos sobre o assunto desde os primeiros acadêmicos que demonizaram a gordura. Um dos principais foi Ancel Keys, um professor da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, cujo trabalho principal ocorreu na década de 1950. Para ele, a resposta para não sofrer com ataques cardíacos era comer menos gordura. Para isso, era preciso cortar a carne vermelha, o leite e outras fontes de gordura saturada da dieta. Os poucos céticos desta teoria foram, durante décadas, marginalizados.

Mas colocar a gordura como vilã não resiste a uma análise mais aprofundada, segundo as palavras da jornalista ao jornal. Ela joga luzes sobre as pesquisas recentes, que revelam a falta de evidências sobre a gordura saturada ser responsável pelo desequilíbrio nos níveis de colesterol ou pela incidência de doenças cardíacas. A gordura saturada aumentaria o mau colesterol, o LDL, ela também seria a única que subiria o HDL, que é o colesterol bom. Suas conclusões tentam demonstrar, novamente, que o verdadeiro fator que deve causar preocupação hoje em dia é a insulina, encontrada nos carboidratos. Isso por conta do índice glicêmico, que é a velocidade com que o corpo libera açúcar para o sangue. Quanto mais alto for o IG do alimento, mais rápida a glicose cai na corrente sanguínea e, portanto, mais o organismo tem de liberar insulina para contrabalancear essa alta da glicemia. O grande consumo de carboidrato simples faz com que os índices de insulina subam muito, isso sim seria prejudicial para o organismo.

Bom, a questão é polêmica. Se quiser contribuir com o seu ponto de vista, escreva pra gente aí no campo de comentários suas ideias.