Efeito diurético da cafeína durante o desempenho físico

Atualizado em 26 de abril de 2016
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A cafeína é uma das substâncias mais largamente utilizadas no mundo. Devido ao seu enorme uso como recurso ergogênico e disponibilidade, foi banida da lista do doping do Comitê Olímpico Internacional desde janeiro de 2004.

A cafeína sempre foi apontada na literatura científica como uma substância que induz efeito diurético, mas, ao contrário do que se pensava até o momento, em artigo de revisão publicado recentemente na conceituada revista do Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM), Armstrong e colaboradores sugerem que a cafeína, quando consumida em doses moderadas, não induz a desidratação, ao desequilíbrio hidroeletrolítico e à hipertermia.

Segundo os autores, o suposto efeito diurético da cafeína foi reconhecido em 1928 e desde então este achado tem sido ponto de referência para muitos profissionais fisiologistas, nutricionistas e médicos do esporte, entretanto, este estudo incluiu apenas 3 indivíduos e observações sobre o suposto efeito diurético por poucas horas. Ainda segundo este autor, em diferentes estudos revisados, não foi demonstrado nenhum efeito diurético da cafeína. utilizando-se tanto doses inferiores a 226mg como superiores a 553mg.

Quando a perda urinária de sódio (Na) e potássio (K) após o consumo tanto de cafeína como de água foi investigada em diferentes experimentos não foi observada nenhuma diferença entre os tratamentos. A excreção de eletrólitos parece aumentar agudamente imediatamente após o consumo de cafeína, mas o balanço dos mesmos permanece positivo. Este fato é decorrente da capacidade de regulação do organismo humano frente às mudanças na concentração de sódio e potássio.

Portanto, o suposto efeito provocado por esta substância, acarretando aumento no volume de urina e, uma maior perda hídrica durante o esforço, não tem sido confirmado na prática. Sendo assim, a ingestão de moderadas (aproximadamente 240 a 320mg) doses de cafeína antes e durante exercícios físicos prolongados não induz à desidratação crônica e a um desempenho físico negativo.

Referências Bibliográficas:
1. Armstrong, L.E., D.J. Casa, C.M. Maresh and M.S. Ganio. Exerc. Sport. Sci. Rev., 35 (3):135-140, 2007.
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6. Massey, L.K. and Wise, K.J., Nutr. Res., 4:43-50, 1984.

Bem Estar e Saúde Consultoria Nutricional
Tatyana Dall’Agnol, que assina esta coluna é nutricionista e especialista em Nutrição Clínica (UNIFESP/EPM), em Nutrição para o Fitness e Alto Rendimento (UNIFOA/RJ) e mestre em Atividade Física e Saúde.