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Como um mês da dieta low carb influenciou meu corpo

Atualizado em 18 de setembro de 2019
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Desde o início do ano, não tinha levado a dieta tão a sério. Não que eu estivesse exagerando na dose e comendo muito errado, mas a gente sabe que seguir um bom plano alimentar é importante para melhorar os resultados dos treinos. Por outro lado, minhas seis sessões de musculação da semana e as duas aulas de natação estavam firmes como sempre. Então, decidi seguir uma dieta low carb por 30 dias para ver como me sairia e sentir os resultados.

Marquei a consulta com a nutricionista esportiva e funcional Milene Dumont, de Santo André (SP), cidade onde moro. Conversamos por mais de duas horas para que ela pudesse entender meus hábitos e objetivos, tirar minhas medidas e saber meu percentual de gordura para traçar as estratégias a serem seguidas.

Apesar de não estar acima do peso, como toda mulher, a ideia é sempre dar mais uma secada, sempre mantendo ou, de preferência, ganhando massa magra. Afinal de contas, ter músculos é essencial para ficar mais saudável — baixa o colesterol, reduz a resistência à insulina, mantém o metabolismo mais acelerado —, além de também ser muito importante para prevenir as lesões no esporte.

Prato de comida saudável

Cardápio

Como toda dieta low carb, o consumo de carboidratos deve ficar limitado entre 50 g e 150 g por dia. Então, a nutricionista achou adequado manter o valor mais alto, já que eu tenho um estilo de vida bastante ativo. Foram incluídos os carboidratos de baixo índice glicêmico, como mandioca, batata-doce, arroz integral e mandioquinha em momentos estratégicos do dia: principalmente pela manhã, para dar energia antes do treino, e no almoço, para deixar o organismo equilibrado durante as demais horas.

 Em contrapartida, também entraram gorduras boas nos dois lanches do dia e no jantar, como oleaginosas (nozes e castanhas) e abacate, que também ajudam a dar uma bela segurada na fome. Fora as porções de proteína em cada uma das cinco refeições, com carnes magras e ovos. Aliás, a nutricionista reforçou bastante a importância de incluir esse nutriente para não perder músculos. 

O suplemento à base de proteína de carne também foi uma opção para os lanches. Prefiro essa versão por sofrer com intolerância à lactose. Portanto, leite e derivados não entraram no meu cardápio, nem alimentos com glúten.

Acho que eu faço parte da parcela da população que não precisa de pão, nem de massa para sobreviver! Mas a parte difícil foi limar o refrigerante light em que sou completamente viciada (esse, sim, foi um desafio!). Para substituí-lo, optei por tomar suco de limão. Acho que eu e meu marido reinventamos a limonada! Fizemos versões do suco com um, dois e até três tipos de limão!!! Tudo para deixar o sabor mais interessante.

As verduras eram à vontade e os legumes estavam garantidos com uma porção bem servida do tamanho de um prato de sobremesa, tanto no almoço quanto no jantar. Talvez o que fugiu um pouco à regra tenha sido a banana como opção no café da manhã por ter um índice glicêmico um pouco maior. No entanto, por ser consumida com alimentos ricos em fibras (aveia e psylium), além do ovo, esse valor do IG acaba sendo derrubado, garantindo ainda mais saciedade e pique por mais tempo.

Planejar é tudo!

Dieta requer organização para dar certo. Portanto, comprar os ingredientes certos e preparar os pratos da semana foi fundamental para seguir em frente. Também foi preciso um pouco de criatividade para a comida não ficar na mesmice e criar aquela sensação monótona que nos faz desistir. Testei temperos diferentes ou um modo de preparo novo. 

A banana com aveia e psylium, por exemplo, muitas vezes era consumida amassada, acompanhada de ovos mexidos, cozidos ou preparados no azeite. Caso contrário, juntava todos os ingredientes, incluindo um toque de canela, e os transformava em uma panqueca de banana.

 Para isso, basta misturar tudo e levar para assar na frigideira antiaderente. Com os legumes foi a mesma história e cheguei até a arriscar o prato francês, o famoso ratatouille, fora a pasta árabe de berinjela, o babaganuche.

A primeira semana

Pode parecer clichê, mas decidi começar a dieta numa segunda-feira. E comecei decidida, com tudo organizado! Nos primeiros dias percebi que a quantidade de comida era maior do que a que eu estava acostumada e isso me deu até certo receio, pois meu pensamento era “será que vou engordar?”. 

A verdade é que a gente vai adquirindo uma certa fobia dos carboidratos. Acredito que, por muitas vezes, limitei as quantidades desses alimentos nem sempre com as opções certas e acabava incluindo opções de alto índice glicêmico, como arroz branco e batata.

Resultado? Por serem digeridos rapidamente e gerarem picos de insulina (famoso hormônio que faz o corpo da gente acumular gordura na barriga), a fome volta rapidamente, além de contribuir para que aquela vontade de um docinho surja, sabe?

 Mas, na nova dieta, não senti vontade de comer doce. Por outro lado, nos três primeiros dias, provavelmente pela quantidade limitada de carbo, senti certa sonolência à tarde e também dor de cabeça, que deve ter surgido pela falta do refrigerante light. Realmente, é como se tirasse uma droga, né?

Ou mesmo pelo fato de eu ter eliminado o consumo de cafeína de alguns chás (e também do refrigerante). Mas, no quarto dia, fiquei muito bem-disposta. Como de costume, fui para a academia pronta para a minha dupla de quinta-feira: musculação + natação, que totalizam 1h30min de exercícios. Recebi até um elogio de uma colega que achou que eu estava menos inchada. Como é bom ouvir essas coisas e perceber como a alimentação realmente influencia tudo. Isso nos dá gás para continuar!

Grãos de café formando o símbolo de pause

Uma pausa breve

Fazer dieta durante a semana é de certa forma fácil, ainda mais quando não se passa fome. Difícil mesmo é mantê-la no fim de semana. A gente quer sair da mesmice, quer ter vida social… E não teve como não fugir de escapar do cardápio low carb no primeiro fim de semana. Eu já estava com uma visita agendada para ir em casa na noite do sábado. Um compromisso que já tinha sido adiado duas vezes, por isso não podia ser desmarcado novamente. Foi quando furei o cardápio pela primeira vez. 

Meu marido preparou bruschettas feitas com cogumelo, tomate e queijo. O encontro com os amigos teve vinho rosé, drinques e brownie com sorvete de paçoca como sobremesa. Meu Deus! Na minha vida, percebi que uma das coisas que me fazia desistir realmente da dieta ou iniciar um episódio de compulsão era não dar uma folga nesses momentos. Então, decidi aproveitar sem culpa. Foi uma delícia! E, no dia seguinte, voltei a ter disciplina.

Segunda semana

A rotina começou normal, com treino de musculação, seguido da natação. Mas, na segunda à tarde, a fome bateu mais forte. Até estranhei, pois aconteceu o contrário dos dias anteriores. Talvez a escapada do fim de semana tivesse causado um impacto no organismo. De qualquer maneira, segurei a onda tomando muito suco de limão. Dá-lhe limão!… Por conta do frio, o prato de carne, legumes e verduras do jantar virou uma sopa quentinha e aconchegante. Mais uma opção possível com os ingredientes liberados no cardápio. 

Mas, no meio da semana, senti meu corpo baqueando. Seria uma possível gripe chegando? Poxa! Como assim? E, sem pestanejar, ela veio forte, com dor de garganta. Com certeza contraí o vírus pelo contato que tive com pessoas que estavam doentes e foi impossível evitá-la. Na noite de quinta-feira deu até febre e achei melhor ir ao médico. Tive que tomar anti-inflamatório e achei melhor não treinar na sexta para me recuperar melhor, mas a dieta continuou firme e forte. No sábado, eu já estava muito bem e consegui treinar bem e, assim, segui os planos.

Terceira semana

Após duas semanas de dieta, senti que minhas calças estavam bem mais soltas na cintura. Um ótimo sinal! Como boa parte das mulheres, tenho facilidade para acumular gordura na região da barriga e costas, o pior tipo! Pois é essa gordura que aumenta os riscos cardiovasculares por estar próxima a órgãos vitais. 

A semana foi mais curta por conta de um feriado e, mais uma vez, veio aquela vontade de comer e fazer algo diferente para tornar o momento um pouco mais especial. E não teve jeito, apesar de seguir a dieta direitinho, acabei tomando vinho com o meu marido, uma dose de carboidrato extra, que não estava no cardápio. Também optamos por fazer pratos árabes, como quibe cru e, novamente, babaganuche.

Quarta semana

Além da cintura e da barriga mais seca, também percebi meus ombros mais marcados por conta da redução da gordura corporal e recebi novos comentários de outros alunos da academia sobre eu estar mais magra. De certa forma, estava receosa se eu tinha mantido massa magra por conta do anti-inflamatório que consumi enquanto estive doente. Para quem não sabe, esse tipo de remédio prejudica a recuperação muscular no pós-treino. É como se você tivesse jogado fora todo o seu esforço! Mas decidi não pensar nisso e continuar. 

Também percebi a minha pele do rosto mais bonita, sem manchas vermelhas de inflamação e com viço. E as indesejáveis bolinhas que costumavam aparecer na região do tríceps haviam praticamente desaparecido. Nessas horas percebemos os efeitos dos alimentos em nosso organismo. Parece que me tornei uma pessoa alérgica com o passar dos anos e limitar o consumo de alguns alimentos me ajudou muito a ficar menos inflamada, o que é ótimo para ter melhores resultados.

Também me senti com mais energia e mais disposta do que o normal. E apesar de ficar um pouco enjoada do lanche da tarde, que era 100 g de frango cozido e 30 g de nozes, persisti no cardápio. Mas tive um novo escorregão naquele fim de semana, com mais vinho tinto.

O resultado

Assim que as quatro semanas da dieta estavam completas, marquei a consulta com a nutricionista Milene para ver os resultados. Conforme comentei no início, não estava acima do peso, mas queria secar mais a gordura e manter ou, de preferência, ganhar massa magra. Claro que estava receosa, até por conta das minhas escapadas com vinho no fim de semana. Mas o resultado foi bem positivo: reduzi 2,5% de gordura corporal e ganhei músculos!!! 

A balança baixou pouco mais que 1 kg, mas realmente isso não me importou, pois sempre achei que tivesse dificuldade em ganhar massa muscular e percebi que não é bem assim. Consigo ganhá-la, sim! E acho que o esforço que fiz foi bastante interessante, mesmo com os meus deslizes.

Claro que cada pessoa funciona de uma maneira e precisa de uma dieta específica para seus objetivos e suas necessidades. Mas, na minha opinião, é importante encontrar um equilíbrio em tudo isso. Daí a importância de contar com um nutricionista que ajude nessa missão.

 Não sou esportista profissional, mas gosto de testar meus limites e evoluir em vários aspectos. Mas, mais do que isso, essa dieta me ajudou a conhecer um pouco mais sobre mim mesma e sobre o meu corpo. Estou feliz com o resultado e devo adotar várias das novas lições para minha vida e seguir em busca de uma versão cada vez melhor de mim mesma! 

 

*Por Diana Cortez, 39 anos, jornalista especializada em fitness, dieta e saúde, praticante regular de musculação e natação e, eventualmente, de corrida.