Fuja dos efeitos negativos do salto alto

Atualizado em 08 de agosto de 2016

Os sapatos com o salto alto compõem o visual de grande parte das mulheres, sobretudo nas grandes cidades. Fabricados nos mais variados tipos — como agulha, quadrado, plataforma e anabela —, esses calçados são símbolo da elegância e classe femininas. Quando utilizados em excesso, porém, podem causar danos à saúde de seus ossos, tendões e articulações. Isso mesmo. Seu uso demasiado e de longo prazo pode provocar, por exemplo, deformidades e dores nos pés e tornozelos, como o joanete — desvio acentuado no primeiro dedo do pé —, dor na face plantar, na região dos dedos e do calcanhar, além de aumentar o risco de entorses e dores lombares.

Em corredoras, o uso de saltos pode causar ainda incômodos na hora do exercício. Por provocarem uma sobrecarga no antepé, podem causar o encurtamento da musculatura da panturrilha, uma das mais exigidas na corrida. “A mulher que utiliza esse calçado está ainda mais suscetível a sentir, na hora da corrida, dores nas pernas e nos pés”, ressalta Moisés Cohen, ortopedista e diretor do Instituto Cohen de Ortopedia. Outro problema desse encurtamento é a lesão no Tendão de Aquiles, que pode levar a danos na musculatura isquiotibial (aquela que vai da coluna lombar ao pé). E não para por aí. Segundo Cohen, essas dores podem repercutir nas demais articulações e regiões do corpo, como joelhos, quadris e coluna.

Além de limitar ou diminuir o desempenho por conta dessas dores, o uso frequente de saltos altos pode levar a erros de pisada, por afetar as articulações de carga — as responsáveis por manter nosso corpo em pé. Em casos mais graves, pode ser necessário o afastamento da atividade física, como ressalta o ortopedista Juliano Lhamby. “As lesões nos ligamentos e na musculatura que esse tipo de calçado causa podem acabar por produzir dores que, ao se tornarem crônicas, impedem a atleta de continuar correndo, já que tendem a aumentar progressivamente.” Nesses casos, após a consulta a um especialista, a corredora poderá ser encaminhada para fisioterapia, quando as dores afetarem, sobretudo, nervos e musculaturas. Em casos mais sérios, que atinjam, por exemplo, os ligamentos, poderá haver necessidade de cirurgia.

Corra do problema

O melhor método de prevenção contra os malefícios do salto alto é, simplesmente, não usá-lo. Mas como nem sempre é possível abrir mão desse calçado, veja algumas dicas para reduzir seus efeitos negativos.

Tempo contado

Uma boa alternativa é diminuir, ao máximo, seu tempo de uso. Se for possível, leve em sua bolsa um sapato mais confortável, tênis ou sandália e faça a troca nos momentos oportunos, como no horário do almoço ou logo após o expediente. Isso reduz consideravelmente o tempo de “agressão” do calçado à sua saúde.

Opções confortáveis

Mesmo que altos, alguns sapatos são mais agradáveis, principalmente para ser utilizados por muitas horas. “Evite aqueles em que a região da frente seja muito estreita, pois comprime a parte anterior do pé”, alerta Cohen. Escolha o calçado que agrida menos seus pés, músculos e tendões, e não aquele que apenas fique mais bonito.

Estica e puxa

Alongar a região dos pés, tornozelo e panturrilha pode ajudar no combate a alguns incômodos e ainda beneficiar seu treinamento. “Isso alivia as tensões e funciona como uma reabilitação”, recomenda Lhamby. “Além disso, mantenha um bom trabalho de fortalecimento da musculatura, principalmente dos membros inferiores. E não se esqueça da região lombar e abdominal”, indica Cohen. Isso tornará seus músculos e tendões mais resistentes, retardando as possíveis dores.

Altura certa

No dia a dia, prefira os sapatos com salto de 6 cm ou menos, deixando os mais altos para eventos esporádicos, como festas ou encontros de trabalho. “Com isso, a sobrecarga diária nos pés e demais articulações é reduzida consideravelmente”, ressalta Cohen.

Fontes: Moisés Cohen. Professor titular e chefe do Departamento de Ortopedia e  Traumatologia da Unifesp e diretor do Instituto Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte. Juliano Lhamby. Ortopedista especialista em tratamento das patologias da coluna, é diretor clínico da Ortopedia Refort.

(Matéria publicada pela Revista O2. edição 126, outubro de 2013)