É possível correr menstruada?

Atualizado em 04 de agosto de 2016

Um fato que bombou na Internet recentemente sobre uma atleta que correu a Maratona de Londres menstruada e sem absorventes fez levantar uma antiga discussão sobre a prática de esporte durante o ciclo menstrual. Afinal, é possível correr menstruada?

“Não só é possível, como deve ser recomendado”, afirma Gilberto Nagahama, ginecologista do Hospital San Paolo. “Os exercícios físicos ajudam a controlar a dor das cólicas devido à liberação de hormônios de prazer, como endorfinas”. Além disso, a atividade física no período menstrual pode diminuir os famosos efeitos da TPM.

O que acontece é que ainda existem muitos mitos que são passados de geração para geração e que geram muitas dúvidas entre as mulheres. “O tema sempre esteve envolvido em torno de muita superstição e crendices, sendo que algumas delas permanecem ainda no imaginário das pessoas, mesmo não havendo uma explicação médica para isso”, diz Gilberto.

Entre eles está o mito de que mulheres virgens não podem usar absorventes internos. “Isso não é verdade, pois o hímen tem até 2,5 cm de abertura na puberdade e o absorvente interno apenas 1,9 cm”, explica. Com relação ao coletor menstrual, que muito tem sido falado nos últimos tempos, o ginecologista explica que não há nenhuma contraindicação. “A mulher deve procurar usar aquilo que a deixa mais confortável, seja o absorvente comum, o íntimo ou o coletor. Não existe certo ou errado com relação a isso”.

Kiran Gandhi, a americana que correu os 42 km da prova de Londres, achou que seria desconfortável usar qualquer tipo de absorvente no dia da prova e optou por não utilizar nenhum. Sua atitude serviu, também, como forma de protesto, uma vez que ela quis chamar a atenção de todos para o fato de que muitas mulheres não têm acesso a esse tipo de produto feminino.

“Eu corri com sangue descendo em minhas pernas pelas irmãs que não têm acesso a absorventes e pelas irmãs que, apesar de cólicas e dor, escondem e fingem que este período não existe. Corri para dizer que ele existe e que nós o superamos todos os dias”, escreveu Kiran em seu blog.

(Fonte: Gilberto Nagahama, ginecologista do Hospital San Paolo, Centro Hospitalar na Zona Norte de São Paulo)