Amigo do peito

Atualizado em 08 de agosto de 2016

Por Fernanda Silva / Fotos Ricardo Soares / Produção Caroline Medeiros

Não importa o tamanho dos seios. Durante a corrida, eles sempre balançam, uns com mais, outros com menos intensidade. Precisam de proteção. Assim como um bom tênis, o top é um item básico para as corredoras. Para algumas, pode ser até mais relevante, especialmente para aquelas que têm mamas muito volumosas, cuja movimentação do peito chega a causar dores e até problemas de saúde.

Por conta da dinâmica do esporte, os seios deslocam-se lateral e verticalmente a cada passada, podendo forçar os seus ligamentos. Com o objetivo de analisar essa biomecânica e as consequências da falta de um suporte adequado durante a prática de atividades físicas, a equipe da especialista em biomecânica Joanna Scurr, da Universidade de Portsmouth, na Inglaterra, realizou, no ano passado, um estudo pioneiro envolvendo cem mulheres, que andavam ou corriam com sensores acoplados. Resultado: a oscilação dos seios durante a corrida pode chegar a 21 cm, dependendo do tamanho das mamas. “Não é o movimento em si que importa, mas o quão rápido ele é”, explica a pesquisadora.

Oscilante como um pêndulo

Os seios se movem de três formas: para dentro e para fora, para cima e para baixo e de um lado para o outro, enquanto os sutiãs são projetados para reduzir apenas o balanço vertical. Quando a mulher caminha, o movimento se distribui em quantidades iguais (33% para cada sentido). Já durante a corrida esse esquema muda: 51% são para cima e para baixo, 22% de um lado para o outro e 27% para dentro e para fora. As análises mostraram que os seios fazem o desenho de um “8” durante a movimentação. E que — como era de se imaginar — quanto maiores os seios, maior é o balanço.

Se esses movimentos não são reduzidos, a mulher começa a sentir dores e outros incômodos — atrito com a pele, aperto e calor — que atrapalham seu desempenho e, em alguns casos, causam até problemas mais sérios. Sem contar o risco de danificar os ligamentos que sustentam as mamas, chamados de ligamentos de Cooper, que são muito difíceis de ser reparados.

“O balanço sobrecarrega o aparelho osteomuscular. Isso pode levar a dores musculares e na coluna, por uma postura inadequada”, explica a ginecologista do esporte Tathiana Parmigiano.

Mulher brasileira

Outro estudo, realizado no Brasil pela empresa Santaconstancia Tecelagem, em parceria com a Nova Medicina Diagnóstica e Compasso Instituto Médico, investigou o impacto da corrida nas mamas e como combater possíveis efeitos negativos. O trabalho, realizado ao longo de quatro anos, envolveu corredoras isentas de cirurgias plásticas na região dos seios.

Levando em consideração conforto e sustentação, o teste mostrou que o balanço das mamas, seguido por atrito, calor e dor miofascial (dor muscular localizada) são as sensações mais indesejadas pelas atletas. “Corredoras precisam, sobretudo, de um top que ofereça conforto e segurança”, enaltece Gabriella Pascolato, diretora da Santaconstancia, que após essa pesquisa desenvolveu o Topien, mistura de top e sutiã feito sob medida.

Top certo

Com a opinião das próprias usuárias e, principalmente, com base em estudos, o consenso indica que o top “perfeito” precisa ser bem estruturado (se possível, com compressão, que minimiza o balanço dos seios); feito com tecido que permita a respiração e que não cause atrito com a pele, e com modelagem em formato de “X” ou nadador.

Thatiana alerta ainda que não se deve escolher o top pela beleza ou pelo preço. É preciso que a peça se ajuste bem aos seios e ao biótipo da mulher e, consequentemente, tenha uma boa capacidade de sustentação. “O modelo ideal deve propiciar firmeza e não machucar a pele. Sendo assim, tops de alças largas, principalmente se as mamas forem mais volumosas, devem ser os preferidos”, explica. Segundo esse critério, ela faz a seguinte indicação: “As regatas que oferecem um top de reforço podem ser uma boa opção, já que muitas mulheres preferem correr com dois tops e, nesse caso, conseguimos um resultado semelhante”.

Fique atenta

Antes de adquirir seu top, observe, como forma preventiva, alguns detalhes de seu próprio corpo, como recomenda o médico do esporte Felipe Alloza:

Identifique as áreas de ardor e atrito no ombro e no tórax. Saiba o tamanho e o volume de sua mama e a numeração correta do top a ser utilizado. Avalie o tecido e suas especificações (na descrição do produto), incluindo qualidades em diferentes temperaturas e ambientes. Escolha o top de acordo com a modalidade esportiva (caminhadas, corridas mais curtas ou longas etc.).

…e não caia em roubadas

Tanto em lojas físicas como em compras pela internet, alguns conselhos ajudam a evitar más aquisições. Gabriella, da Santaconstancia, dá alguns alertas: Evite os tecidos mais grosseiros e pesados, assim como os modelos com bojos, que criam obstáculos à transpiração e geram mais calor durante os exercícios. Se puder, observe o toque do tecido. Ele deve ser agradável e ter boa respiração em contato direto com a pele sensível dos seios. Cheque também se o tecido tem compressão com sustentação, mas que não aperte em excesso. Fuja de modelagens com alças finas! Prefira modelagem nadador ou em “X” (nas costas) e com alças largas, pois dão mais sustentação às mamas, atenuando possíveis dores após a prática da corrida. Passe longe de qualquer elemento que possa incomodar pelo atrito durante o exercício, como etiquetas costuradas, entre outros.

Fontes: Tathiana Parmigiano, ginecologista, obstetra e médica do esporte pela Escola Paulista de Medicina da Unifesp, além de ex-atleta, em São Paulo. José Felipe Marion Alloza, médico do esporte pela Universidade Federal de São Paulo, especialista em cirurgia do pé, ortopedia e traumatologia. Gabriella Pascolato, diretora da Santaconstancia Tecelagem.

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(Matéria publicada pela Revista O2, edição 124, agosto de 2013)