Os bastidores da Cruce de los Andes na Patagônia

Atualizado em 20 de abril de 2016
Mais em Mais Esportes

Quando decidiu planejar e fazer sua primeira corrida de aventura fora do Brasil, o atleta Eduardo Marques pensou grande. Escolheu nada menos que a mítica Cruce de los Andes, o maior e mais famoso desafio endurance da América do Sul, entre a Patagônia Argentina e Chilena. A disputa envolvendo mais de 1.200 atletas terminou no último domingo (6/2) e Eduardo relatou ao ativo.com o dia a dia na 10ª edição da prova.

A infraestrutura da prova é complexa e impressiona pela qualidade, conta Eduardo, atleta de 29 anos e corredor experiente, com algumas maratonas no currículo, como a de Paris e Buenos Aires, e que agora pretende se dedicar também ao triathlon.

“A organização é impressionante para a quantidade de atleta, a comida nos acampamentos era farta, bem como a hidratação, e havia ainda tendas de massagem. As trilhas também eram muito bem demarcadas e a navegação foi tranquila por conta disso. Depois de desmontarmos as barracas do acampamento nós colocávamos tudo dentro de um container/caminhão e partíamos para a prova e, quando chegávamos, pegávamos nossas coisas para montarmos, tudo muito estruturado”, conta Eduardo.

O desafio foi realizado em três dias, sendo uma média de 30 km por dia, disputados em dupla, e compensados com cenários deslumbrantes, segundo Eduardo. “A paisagem é sensacional, o lugar é maravilhoso e é muito improvável ir até lá sem ser com a estrutura da prova, pois os lugares são realmente muito selvagens”.

Com cerca de 80 equipes brasileiras participando da prova, Eduardo diz que o clima era de camaradagem. “Tinha muito ‘brazuca’ e o clima nos acampamentos era bem bacana, aquela coisa de brasileiro de puxar conversa, abrir um vinho e ficar conversando, tanto entre os profissionais como amadores”, diz Eduardo. No Brasil, Eduardo participou de provas de aventura dos circuitos Chauás e Adventure Camp.

Eduardo correu a Cruce de los Andes com seu colega Guilherme Affonso Ferreira Filho, na equipe “MPR no Cruce” (categoria até 80). Guilherme nunca havia participado de uma corrida de aventura. A dupla terminou a prova em 59º lugar entre as 500 equipes concluintes, com o tempo total de 13h06min45s. Eduardo treina com Marcos Paulo Reis, e diz que manteve seu treinamento de corrida e triatlhon forte, e fez algumas corridas em subidas para se acostumar, além de treino funcional.

O primeiro dia de prova – Eduardo diz que durante o dia o clima era agradável, com sol, embora as noites fossem muito frias. “O primeiro dia de prova foi tranquilo, não houve muita alteração na altimetria e deu para correr forte, foi nosso melhor dia, chegamos em 29º, com 2h52min54s de prova. E passamos por uma cachoeira sensacional”, diz Eduardo. 

Embora tivessem tendas de massagem, Eduardo diz que conforme chegavam das trilhas os atletas entravam nas águas frias do lago nos arredores do acampamento, para fazer ‘gelo’ na perna, “o que dava um belo alívio para o cansaço”, conta.

O segundo dia de prova foi mais duro conforme relata Eduardo. “A altimetria alterou muito neste dia, subimos muito e tivemos descidas muito fortes também, fizemos a prova em 5h44min54s, mas teve gente que fez em 12h, este trecho foi realmente duro”, diz Eduardo.  

Já o terceiro dia foi uma média dos dois primeiros. “Foi mais difícil que o primeiro, mas não tão duro quanto o segundo dia. alguns pontos eram bem lentos, pois só passava um de cada vez, contudo, este foi o dia mais bonito, com muitos vales, montanhas e um bosque que exigiu atenção redobrada na orientação”, conta Eduardo. Neste terceiro dia, a equipe finalizou o percurso em 4h28min57s.

Experiência aprovada, Eduardo quer voltar à disputa na edição 2012. “É um dos lugares mais lindos do mundo e com uma ótima organização”, finaliza. 

Confira algumas imagens da Cruce de los Andes: