O adeus do melhor tenista brasileiro da história

Atualizado em 20 de abril de 2016
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O ano de 2008 ficará marcado para sempre como a última temporada do melhor tenista que o Brasil já viu jogar. Aos 31 anos, o catarinense Gustavo Kuerten deu início a sua turnê de despedida, no mês de fevereiro, durante o Brasil Open. Na ocasião, o ex-número um do mundo fez um discurso emocionado e declarou seu amor pelo tênis. “A caada dia que passa, eu vejo que o tênis simboliza minha vida. Eu amei este esporte”, falou.

Na última semana, o tenista disputou a chave de simples no Masters Series de Miami onde foi eliminado na estréia. Depois de Miami, onde ainda disputa a chave de duplas ao lado do amigo equatoriano Nicolas Lapentti, Guga jogará o Aberto de Santa Caratina, os Masters Series de Monte Carlo, Roma (ou Hamburgo) e depois disputa sua última competição em Roland Garros.

Dentro das quadras Guga foi capaz de vencer os mais difíceis adversários como na campanha no título da Masters Cup de Lisboa, em 2000, em que superou os norte-americanos Pete Sampras (semifinal) e Andre Agassi (final) e se tornou o número um do mundo. Nenhum outro tenista conseguiu vencer os dois jogadores numa mesma competição.

Ao longo da carreira, Guga conquistou 20 títulos. Entre eles, foram três títulos em Roland Garros, uma Masters Cup (Copa do Mundo) e cinco Masters Series. Em duplas, triunfou em oito oportunidades. Em dezembro de 2000, chegou à primeira colocação no ranking e permaneceu durante 43 semanas. Como profissional foram 358 vitórias de simples e 191 derrotas. Foi o número três do mundo juvenil de simples e o número dois de duplas.

Fora das quadras, no entanto, o tricampeão de Roland Garros precisou lutar contra a lesão no quadril direito. Esta, infelizmente, nem Guga nem a medicina foi capaz de derrotar. Na Costa do Sauípe, o tenista chegou a se desculpar por não ter mais condições de competir. “Não é que não queira realmente jogar mais. Eu peço desculpa, mas não consigo mais [jogar]”, disse.

Em 2002, após jogar o Aberto da Austrália e o ATP de Buenos Aires foi submetido à primeira artroscopia no quadril direito. Voltou a competir e ainda conseguiu faturar mais quatro títulos no circuito. Em setembro de 2004, foi submetido à nova cirurgia. Retornou às quadras em abril do ano seguinte, mas de lá para cá não conseguiu mais disputar grandes seqüências de torneio e tampouco competir no nível que gostaria para se manter entre os melhores.

Confira alguns fatos marcantes da carreira de Guga

• Ao vencer o Brasil Open, em 2004, se tornou o quinto tenista em atividade com o maior número de títulos no circuito (20), atrás apenas de Andre Agassi, Roger Federer, Andy Roddick, Rafael Nadal e Lleyton Hewitt;
•Na história do tênis é o 36º em número de títulos;
•É o melhor jogador sul-americano da história;
•É o 11º melhor tenista da história em números de semana como número um do mundo, à frente de nomes como Ilie Nastase, Boris Becker, Mats Wilander, Thomas Muster, Yevgeny Kafelnikov, Andy Roddick, Patrick Rafter, Carlos Moya, entre muitos outros;
•Conquistou títulos em 13 países diferentes;
•Terminou as temporadas de 99, 2000 e 2001 como o melhor jogador da América do Sul;
•Ao terminar o ano 2000 como número um do mundo entrou para a história por ser o primeiro sul-americano a conseguir tal feito;
•Apenas outros quatro tenistas, na Era Aberta, conquistaram o título de Roland Garros três vezes: Rafael Nadal, Mats Wilander, Ivan Lendl e Bjorn Borg;
•Completou, no ano 2000, ao vencer o Masters Series de Hamburgo, o Grand Slam do saibro (vencer Roland Garros e os três Grand Slams da terra – Monte Carlo, Roma e Hamburgo). Além dele, apenas Ivan Lendl conseguiu tal feito;
•Foi eleito o jogador do ano, no ano 2000 pela ATP, ITF e pela imprensa mundial;
•No Brasil, foi eleito o melhor atleta do país em 1999, 2000 e 2001;
•Em 2001 recebeu o prêmio de juventude e civilização da UNESCO, pelo seu trabalho fora de quadra;
•Em 2001 também teve um selo feito pelos CORREIOS, em sua homenagem;
•Em 2004 recebeu a medalha da Cruz do Mérito, em São Paulo, uma das maiores honras que um brasileiro pode receber;
•Gilberto Gil colocou uma música (Three Little Birds), em seu disco, em homenagem a Guga. O tenista foi homenageado por Carlos Santana, nos EUA, durante um show. O ídolo do rock chamou Guga ao palco e o presenteou com seu crucifixo;
•No ano 2001 Guga teve um samba feito pela escola “Protegidos da Princesa,” de Florianópolis, em sua homenagem;
•Ganhou por três vezes o “Prêmio Laranja,” em 1998, 2002 e 2004, dado pela imprensa mundial, e a partir de 2004 também pelo público, para o jogador mais simpático do circuito e que melhor atende a imprensa;
•No ano 2000 foi eleito o jogador favorito da ATP, pelos fãs;
•Em 1998 foi o Presidente das Ações de Caridade da ATP. Durante o período criou o programa “Guga e os Amigos da APAE”, em que doou US$ 200 por jogo disputado no circuito, de simples e duplas;
•Recebeu em 2004, o prêmio da ATP de “Jogador Humanitário” de 2003, por suas ações realizadas fora da quadra. O prêmio, intitulado “Arthur Ashe Humanitarian Award”, já foi vencido por Nelson Mandela;
•Tem títulos no saibro, quadra rápida, quadra rápida coberta e carpete coberto;
•Tem oito títulos de duplas, com quatro parceiros diferentes (Meligeni, Prieto, Lapentti e Johnson)
•Em 2005 participou da campanha da UNICEF/ATP em prol dos direitos das crianças;
•Homenageado em Roland Garros, em 2007, entregando o troféu ao campeão Nadal e ao vice, Roger Federer