Empresários investem no esporte por sonho olímpico

Atualizado em 20 de abril de 2016
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Depois de um meticuloso período de estudo de mercado e elaboração de projetos, a organização sem fins lucrativos LiveWright começa, em abril, captar recursos da iniciativa privada para desenvolver modalidades esportivas e ajudar a transformar o Brasil, a longo prazo, em potência olímpica, em uma iniciativa sem muitos precedentes no país.

A criação e o trabalho do Movimento LiveWright dá continuidade ao sonho do empresário e esportista Roger Wright, interrompido com a morte súbita em um trágico acidente aéreo com sua família em maio de 2009. Roger, que era velejador, foi um dos grandes incentivadores e apoiadores da candidatura do Rio à sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Com sua morte, empresários e executivos amigos, a maioria deles já envolvidos com a causa abraçada por Roger para as Olimpíadas, resolveram transformar em realidade o projeto idealizado para desenvolver o esporte brasileiro de alta performance e colocar o Brasil como potência nas modalidades olímpicas. 

A ideia do Movimento LiveWright é apoiar nove modalidades que apresentem potencial para levar o Brasil a alcançar, a longo prazo, posições de ponta nos rankings internacionais. 

“Nós dedicamos muito esforço na formatação dos planos técnicos, elaborados com base no tripé de valores da iniciativa privada – desempenho, meritocracia e ética – aplicados ao esporte. Para realmente ajudarmos o desenvolvimento de atletas e modalidades precisamos ter um planejamento estratégico sólido, não se faz um campeão olímpico de uma hora para outra”, diz Celso Schvartzer, CEO do LiveWright.  

Em 2011, a organização pretende captar entre 8 e 15 milhões de reais, valor estimado para o apoio de três esportes, que já estão definidos – Canoagem, Ciclismo e Lutas (Wrestling). O portfólio aumentará anualmente, até que o planejamento inicial seja atingido. A próxima modalidade a entrar para a lista provavelmente será o Iatismo, também como uma forma de homenagear Roger.

A escolha das modalidades foi baseada no custo do projeto, perspectiva de medalhas e também no fato do Brasil ter uma carência histórica nos esportes individuais, que distribuem muitas medalhas nas Olimpíadas. A atuação da organização ocorrerá referencialmente por meio de projetos desenvolvidos em parceria com federações e confederações. No caso do Ciclismo, a parceria deve ser feita via uma federação.

Chama atenção a inclusão da luta olímpica – Wrestling  (foto ao lado das Olimpíadas de Beijing) no leque prioritário das modalidades a serem patrocinadas. “Todos os especialistas enxergam uma grande possibilidade do Brasil se tornar uma potência olímpica na modalidade, há muitos praticantes por aqui”, diz Celso. O raciocínio também se aplica ao ciclismo, que vem conquistando cada vez mais adeptos. 

Além do aporte financeiro, o LiveWright contribuirá para o desenvolvimento da gestão dessas entidades, tornando-as mais adequadas à realidade da iniciativa privada, e também para a elaboração de um plano técnico de excelência, que possibilite que o objetivo de transformar o Brasil em potencia olímpica seja alcançado. Este modelo permite desenvolver o esporte a partir de uma estrutura já existente.

Neste sentido, Celso explica que iniciativas como a do nadador campeão olímpico Cesar Cielo, que criou o projeto PRO-16 para tentar formar um time competitivo para os Jogos do Rio, são absolutamente louváveis, mas, de certa forma, contrárias ao pensamento do LiveWright, que é o de criar condições para o esporte se sustentar e formar mais que uma geração de campeões olímpicos.

“O que queremos é justamente que esses esforços individuais não sejam a única opção. Eu gosto de usar o exemplo do Vôlei brasileiro, eu não sei quem vai jogar nas próximas Olimpíadas, mas sei que é certo que devem estar no pódio para receber alguma medalha, pois no Vôlei nós somos uma potência olímpica. É isso que desejamos, que nossas modalidades se tornem potências olímpicas, e é preciso um trabalho de base para isso”, diz Celso. 

O ponto forte do LiveWright, de acordo com Celso, é a solidez e a qualidade dos projetos de desenvolvimento das modalidades. E eles buscaram chancelas para não deixar nenhuma dúvida sobre a seriedade dos objetivos.

“Eu trabalhei muito tempo do outro lado da mesa e por mais que eu ache que entendo de esportes eu não sei tudo sobre todos, e o mínimo que o patrocinador vai querer saber, antes de dar o dinheiro, é se os projetos têm embasamento técnico de primeira linha. Nós estamos validando os projetos com referências internacionais das modalidades, isso é um ponto fundamental para gente”, diz Celso, que no momento não pode revelar nenhum nome das “estrelas” que farão as análises dos projetos e também acompanhar a implantação junto às entidades esportivas.

Para tornar o projeto realidade, o primeiro aporte financeiro foi realizado pelos membros do Conselho Executivo, que atualmente é formado por 11 empresários. Presidido por Walter de Mattos Junior, é composto por Andreas Mirow, Beto Azevedo, Christopher Apostos, Fernanda Camargo, Gilberto Sayão, João Paulo Diniz, Marcelo Stallone, Mauro Bergstein, Roberto Klabin e Victor Malzoni. O LiveWright conta ainda com um Conselho Estratégico, composto de atletas, empresários e pessoas ligadas ao Esporte, que tem como missão multiplicar os objetivos do Movimento e atuar como os principais incentivadores e captadores de recursos. A iniciativa contou com a parceria da McKinsey, que desenvolveu o planejamento estratégico e também da Brunoro Sport Business, para a avaliação do cenário esportivo nacional.

Os investidores interessados na causa terão duas formas para destinar sua verba, por meio de um fundo geral que apoiará um portfólio de projetos selecionados pelo LiveWright ou em um dos projetos exclusivos desenhados pela organização para as modalidades.

Mais do que retorno financeiro, concretizado pela exposição das marcas apoiadoras em competições e uniformes, a motivação da organização é promover iniciativas que mudem a história da modalidade e deixem um legado para os envolvidos. Por isso, a crença no esporte é fundamental ao perfil de investidores que a LiveWright busca.

Celso ressalta que a iniciativa não está ligada somente à euforia dos jogos de 2016, que será realizado no Brasil. O objetivo é fazer com que os projetos tenham um alcance amplo, fortalecendo não só a atuação de atletas, mas também toda a estrutura relacionada à prática de uma determinada modalidade. “É um movimento muito sério e nós queremos sedimentar muito bem cada passo, tudo foi feito com muito cuidado e critério e vamos continuar assim”, finaliza Celso.