Diário de Bordo: Casimiro de Abreu mostra a cara

Atualizado em 20 de abril de 2016
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Aconteceu do domingo, 22 de maio, na cidade carioca de Casimiro de Abreu, norte do Estado do Rio de Janeiro, próximo a Rio das Ostras, já no pé da serra, a primeira etapa do Circuito Terra Fast, válida pelo Ranking Brasileiro de Corrida de Aventura (RBCA) e Campeonato Carioca de Corrida de Aventura.

Organizada por um atleta em atividade do circuito nacional, capitão da equipe Unimed Rio e Secretário de Turismo do Estado, Philipe Campello, que já vem promovendo provas ricas em cenários e exigente em termos de estratégia, a etapa se mostrou selvagem e de natureza exuberante.

Em Casimiro de Abreu, os atletas além de contarem com uma variedade de opções de hospedagem, comércio e facilidade de acesso desde a capital Rio de Janeiro, também tiveram da organização todo o cuidado antes da prova, oferecendo as informações necessárias ou prestando o serviço que um atleta de aventura necessita, já que são várias as modalidades, equipamentos obrigatórios, bem como a presença de atletas de muitos Estados. Estavam representados São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, entre outros, além do Estado sede do evento.

A prova foi dividida em duas categorias, para iniciantes com aproximadamente 30 km de percurso e mapas simplificados, com postos de controle mais acessíveis e percurso com menos subidas e a categoria profissional, com quase 60 km de percurso e postos de controle estrategicamente posicionados para dificultar sua localização. Era possível se inscrever em formações distintas, como duplas masculinas, duplas mistas e individual ou solo.

A região onde a prova se realizou apresentava uma diversidade natural incrível, como cânions, rios largos e rápidos, como foi o caso do Rio Macaé, desníveis moderados com montanhas que além de embelezar os cenários por onde os atletas passavam, também forçaram os corredores a fazer muita força, muita mesmo…

A orientação nessa etapa foi de certa forma classificada como de nível fácil, mas nem por isso deixou de interferir no resultado, pois a velocidade e a pressão de correr na categoria profissional sempre provocam alguns erros no pessoal da ponta.
Foi o meu caso, quando liderava com certa vantagem, embora sem ter essa noção, tomei um rumo errado, corrigido minutos depois, mas que pela concorrência acirrada e trechos de muita subida não foi possível recuperar todo o prejuízo. Acabei em segundo lugar, 4 minutos após o vencedor, mas valeu muito suar para recuperar todas as posições perdidas e retomar o caminho correto. Aprendizado, mas também humildade em reconhecer quando não realizamos o melhor na orientação. Quando a cabeça não ajuda, o corpo faz a sua parte…

A prova teve como largada a modalidade corrida cross-country ou também denominada trekking – que hoje em dia é corrida pura – partindo para um canionismo dentro do Parque Municipal, iniciado por um salto num poço ao lado da cachoeira de 6 metros de altura. Sensação de liberdade e ao mesmo tempo de exploração… Isso é Corrida de Aventura!

Nesse momento, os atletas deveriam andar sobre pedras no leito do rio, antes de sair por um caminho até a base de rafting da cidade. Nesse local, todos deveriam pegar suas bóias e partir para o PC3 onde começariam a descer o rio em bóia-cross. Foram 30 minutos de descida até a base de rafting novamente, onde pegaríamos nossas bicicletas para o trecho final de 45 km.

No entanto, para cruzar o Rio Macaé seria necessário levar a bicicleta numa corda em tirolesa, o que seria uma prova a parte. Ao final, a pedalada transformou-se numa epopéia com muita lama, já que a chuva tomou conta da região serrana da cidade. Na chegada o sol já havia se restabelecido com o calor, e todos os atletas eram recebidos com fogos de artifício e o carinho de moradores e todo o staff da organização.

As modalidades foram divididas entre os 7 postos de controle assim:

Corrida: 6 km
Canionismo: 1 km
Corrida: 4 km
Bóia-Cross: 2 km
Mountain Biking: 42 km

Os mapas foram entregues aos atletas de ambas as categorias na noite anterior ao evento, com tempo disponível para que cada atleta e equipe montasse sua estratégia. Antes da largada todos deveriam levar suas bicicletas ao local indicado pela organização, PC2/PC4, na base de rafting, para o momento da transição de modalidades.

Os atletas deveriam levar consigo durante a prova sua própria alimentação e hidratação, além de equipamentos de segurança e de escalada e um kit de primeiros socorros. Todos esses materiais são pessoais, e deveriam ser preparados pelo próprio atleta, dentre eles colete salva-vidas, capacete, bicicleta, mochila, entre outros. No entanto, a bóia era fornecida pela organização.

Nas transições entre as modalidades a organização se preocupava em fornecer assistência médica, caso necessário. O evento foi coberto pelas mídias locais e nacionais de Corrida de Aventura, dando força ao evento e aos atletas que carecem de divulgação aos seus patrocinadores.

Já disse antes aqui no meu diário de bordo, mas reafirmo que ser um Corredor de Aventura é algo surpreendente, pois conhecemos locais inóspitos, inéditos aos olhos do ser humano, também conhecemos pessoas e comunidades singulares, como em Casimiro de Abreu, onde crianças nos olhavam passar com nossas bicicletas e ao acenar nos emocionavam com a sua simplicidade e o brilho de seus olhos infantis.

Ser atleta de aventura, ter o privilégio de passar por esses caminhos, nos torna seres mais humildes, mais preparados para as agruras da vida. Por isso, sempre afirmo, que sou grato pelo que sou às Corridas de Aventura, que muito além de um esporte é um estilo de vida.

Tieni Duro!

Confira algumas imagens (fotos: Wladimir Togumi – adventuremag)