Corrida no ar: mexa-se com treino sem impacto

Atualizado em 20 de abril de 2016

Por Anna Paula Lima

Quem nunca sonhou em andar (ou no nosso caso, correr) nas nuvens? Um treino sem impacto, mas com a ativação muscular igual à da corrida de rua. Imagine cumprir uma planilha que prevê altos volumes de treino com qualidade, efeitos musculares e cardiovasculares iguais aos do outdoor e a vantagem de eliminar o impacto e (claro!) o risco de lesão. Utopia de atleta? Não!

“Ai, lá vem o papo de esteira… odeio!” Também não! “Tem, sim, como poupar o corpo do alto desgaste articular imposto pelas passadas, que não precisam mais ser duras e que, às vezes, merecem a leveza do ar.” Depois de ler isso, cética, visitei a clínica em São Paulo, na nobre região da Praça Panamericana, de um proprietário não menos notório, o educador físico Márcio Atalla, que soprou a letra e me apresentou à engenhoca moderna para um treino sem impacto, único exemplar no Brasil: o Zero Runner.

Atalla corre. Mas não na rua. Corre nessa tal maquineta para poupar seus joelhos do impacto e, assim, lançar mão deles para fazer o que mais gosta: jogar tênis. À primeira vista, o aparelho parece um elíptico, cujo movimento quem determina — como na esteira — é a máquina. Olhos atentos ao Zero Runner logo se dão conta de “pernas” com articulações com altura equivalente à dos joelhos e quadris.

No nosso caso, gostamos de alimentar a paixão pela corrida. Então, por que não guardar o impacto do asfalto das ruas para alguns treinos somente, ou provas-alvo? Para quem tem lesão (e até para quem pensa em prevenir), uma ideia inteligente pode ser dividir o volume de treinos numa espécie de “poupança” do corpo.

Pés ávidos e curiosos em pisar na máquina. Como é que a gente movimenta isso? Exatamente como se estivesse correndo. Mas a ideia da suspensão no aparelho causa um estranhamento inicial. Não vale o movimento conhecido do elíptico. Tem de mover pés e pernas como nas ruas. Demora um pouquinho para pegar, afinal, é um “caminho” novo. Mas, depois, é como andar de bike, você não esquece. O pulo do gato é transferir o peso de um lado para o outro, como na corrida habitual, mas num treino sem impacto.

Além da ausência de impacto, dá para controlar a amplitude das passadas com um simples comando no painel, avaliar se está o.k. e fazer a correção, em caso de mudanças no padrão.

A ideia do Zero Runner saiu de estudos sobre cinesiologia e cinemática focados num treinamento que permitisse simular a corrida com a sensação natural e todos os benefícios de um treino ao ar livre — mas sem o impacto e o estresse no corpo. Daí uma empresa americana que só fabricava elípticos, a Octane, deu forma ao aparelho e lançou por lá, no ano passado. Chega ao Brasil, num primeiro lançamento, vamos dizer assim “soft”, neste segundo semestre. Segundo Lucas Guimarães, da Pacefitness, a rede de lojas especializadas em equipamentos de ginástica  Fit4 Store fará a distribuição.

(Reportagem publicada na revista O2, edição #147 de Agosto de 2015)