Qualidade de vida: Começa com o quê?

Atualizado em 22 de julho de 2016

O slogan do comercial de margarina serve aqui de pretexto para uma discussão bastante em voga. De qual qualidade de vida essa gente tanto fala?

Ora, qualidade de vida é, digamos, uma vida boa. Não no sentido de “vida mansa”, de férias eternas, mas de um cotidiano em que as responsabilidades e os prazeres se equilibram, garantidos por boa saúde, havendo realização pessoal e facilidade no lidar com as atividades diárias.

A qualidade de vida depende de poder aquisitivo, da infra-estrutura do habitat em que se vive, da relação que se mantém com o trabalho, da administração do tempo que se dedica a cada atividade, da satisfação que se obtém com o conjunto dessas atividades, do conforto a que se tem acesso, do estado de saúde e, acima de tudo, da maneira pessoal de encarar tudo isso. A qualidade de vida se mede por parâmetros individuais, socio-culturais e ambientais que caracterizam as condições em que vive o ser humano. Está relacionada ao mesmo tempo a referenciais externos e a uma percepção individual do modo de vida. Ela pode não aparecer no exame de sangue e pode não ser detectada pelo cardiologista, mas, se bem observada, pode aparecer na firmeza do colchão, no trânsito no caminho para o trabalho, na maciez dos sapatos, no barulho da vizinhança, no brilho dos olhos, na largura do sorriso, no viço da pele ou do cabelo, na saudade dos seus amigos, no entusiasmo da sua secretária.

Uma das garantias da qualidade de vida é o respeito ao que se chama de tempo de qualidade. A expressão “tempo de qualidade” normalmente aparece relacionada aos momentos que passamos com nossos familiares e entes queridos, mas pode significar bem mais do que isto. Tempo de qualidade pode ser o tempo que efetivamente dedicamos àquilo de que mais gostamos, sem outras preocupações que prejudiquem o bom usufruto desses momentos de prazer. Eis porque é um conceito tão pessoal. Só você sabe o que mais tem vontade de fazer e pode avaliar até que ponto está satisfeito.

A qualidade, a excelência do tempo, pode ser gerenciada de uma maneira melhor para serem produzidos resultados melhores, o que depende muito de você. Suas atitudes frente às suas atividades e frente às outras pessoas podem transformar seu “tempo ruim” em qualidade de vida, da mesma forma que podem transformar um momento perfeito em um pesadelo.

Muitas pessoas descobrem a importância de viver esse tempo de qualidade somente depois de um grande choque em sua vida, como um ataque cardíaco ou um acidente, senão quando já estão numa idade avançada, sem a disposição que tinham na juventude. Em vez de repentinamente querer recuperar o “tempo de qualidade perdido”, vale a pena torná-lo prioridade e inseri-lo no dia-a-dia da forma que for possível. O primeiro passo é assumir que o tempo de qualidade é fundamental para sua qualidade de vida. Uma vez convencido disto, você encontrará uma maneira de aproveitá-lo. Quando a gente realmente quer, sempre arruma tempo. Você sabe que sim.

Precisa de uma mãozinha? Vá lá:

• Reserve um momento de pausa no seu dia e sinta-se relaxado. Respire demoradamente e esqueça o resto do mundo por alguns instantes. Pense calmamente em como foi seu dia até esse momento e no que acontecerá a partir daí. Pense no que você quer para o seu dia, no seu comportamento para que ele seja como você quer.

• Procure se conhecer melhor. Observe suas mudanças de humor e procure identificar os motivos. Aprenda a reconhecer o que o aborrece, o que o estimula, suas virtudes e suas deficiências, e experimente maneiras de tomar os bons momentos mais frequentes. Aprender mais sobre si mesmo nunca é demais.

• Seja flexível. Não deixe que fatores externos imprevistos acabem com seu prazer ou satisfação. Seja criativo e maleável para que os problemas sejam contornados ou superados da forma mais rápida possível, com o menor transtorno.

• Evite causar aborrecimentos desnecessários a si mesmo: seja prevenido. Se levar guarda-chuva, não ficará molhado. Se preparar o material com antecedência, não ficará atrasado e dificilmente esquecerá alguma coisa. Se dormir bem, não perderá o pique na hora errada. Se comer bem, não terá deficiência nutricional nem irá engordar.

Essa última dica sugere haver uma relação entre a qualidade de vida e os cuidados necessários à boa saúde, entre eles o descanso, a alimentação balanceada e, o que mais iremos abordar neste livro, o exercício físico. De fato, há uma relação direta da qualidade de vida com o exercício regular, uma vez que este contribui positivamente no funcionamento ótimo do corpo, melhorando a saúde, aumentando a disposição e ajudando no controle do estresse. A prática habitual de exercícios envolve, ainda, a possibilidade de inclusão social, interferindo no humor do praticante. Além disso, a prática em si proporciona prazer, ou por ser divertida, ou por provocar a produção de hormônios de efeito agradável. Os benefícios são tantos que teremos ainda muitas páginas para falar sobre eles.

Fábio Saba
ENAF – www.enaf.com.br