Um ciclista fazendo um Ironman em Fortaleza

Atualizado em 01 de julho de 2016

Desde o momento da minha inscrição, incentivado por alguns alunos, já sabia que eu ia sofrer, e muito no Ironman Fortaleza! Sempre gostei de fazer esporte, mas correr sempre foi um desafio maior. Ao fazer um Ironman você sabe que terá que nadar 3,8 km, pedalar 180 km e correr outros 42 km; e cada um tem o seu ponto crítico, inclusive os profissionais.

Como já havia feito em 2012 em Florianópolis, e sofri muito na parte da corrida, esse ano a minha meta era “apenas” terminar e conseguir correr a maratona inteira, mas espera aí… Como assim somente terminar um IM, ainda mais que se tratava de uma prova a ser considerada mais difícil do que a de Florianópolis?

As palavras de um amigo: “Igor, você não sabe correr. Então faça um bom pedal e veja o que resta para a corrida.”. Quer situação mais desesperadora do que essa? Foi o que fiz em 2012 e me sai muito mal… Este ano resolvi fazer diferente e, então, fui à base da POTÊNCIA o tempo inteiro e meus treinos de corrida, foram apenas de RESISTÊNCIA.

Três meses antes da prova, eu já comecei a correr tempos maiores durante a semana — entre 1h e 1h30 –, com velocidade que chamo de cruzeiro (os meus 10 km/h) e, então, iniciei os treinos de final de semana de maneira progressiva até chegar às 3hs de corrida, sempre no PLANO, pois a prova seria bem plana. E, sempre, tentando correr na mesma temperatura que encontraria na prova (de 33 a 34 graus).

A PROVA

Natação: o vento se mostrou presente na prova, desde o início e não por menos, fez muita gente sofrer na natação, inclusive com algumas desistências. Eu consegui fazer uma natação consistente e sai com 1h26min. Tempo suficiente para fazer uma prova boa e não me desgastar no mar, com uma água supersalgada e sem roupa de borracha, proibida pela prova.

Bike: nos primeiros 20 km, passando por dentro da cidade e com muito vento contra, cheguei a beirar o meu limiar de potência (380-300watts) diversas vezes, até a pensei que o medidor estava descalibrado, mas como me sentia bem, resolvi seguir em frente. Chegando no km 20, começava um circuito de 35 km de ida e volta, sendo feito por 2x, onde a ida era contra  o vento e, a volta a favor. E, sempre, com um sobe e desce com pouca inclinação por volta de 2-3%. Resultado:

Vento Wattagem RPM VI Veloc. Kmh/h
20km ida Contra 322 93 1.02 34
35km ida Contra 261 82 1.19 29,8
35km volta A favor 142 79 1.13 35,6
35km ida Contra 148 72 1.07 29
55km volta A favor 147 77 1.12 35,5

TOTAL: 223w, VI 1.05, 82RPM, 32,7kmh  * VI: variation index, o quanto muda a wattagem em determinado trecho. Quanto mais perto de 1.00 ideal, 1.19 como eu tive sugere um pedal com muita mudança, por exemplo o sobe e desce do terreno e o próprio vento a favor. Números esperados para o local.

Observação importante: não usei medidor de Frequência Cardíaca, pois como estaria muito quente e úmido, e não queria que a FC alta — que seria uma coisa esperada–, me influenciasse na prova e me fizesse tirar muito o pé na bike. Usei frequência cardíaca, apenas, na corrida. Pois, treinei muito no sol com ela.

Conclusão: fiz bastante força no início, mas foi bom para eu “entrar” na prova. Paguei um pouco do preço na primeira perna do vento a favor e, por isso, resolvi pegar leve nos 35 km finais do vento contra, para ter ainda energia para os 55 km a favor finais.

Corrida: como eu consegui me alimentar muito bem na bike, com sanduiches, barrinhas e isotônico, entrei bem na corrida e, praticamente, corri os 90% da prova! Fiz no ritmo que treinei e, sempre, hidratando muito durante a prova e (quando possível) esfriando o corpo com agua gelada (quando tinha!) na cabeça.