Suplemento alimentar: glutamina x exercício

Atualizado em 23 de julho de 2018
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Sabidamente, o aminoácido glutamina tem importância ímpar em situações metabólicas críticas como: doenças, traumas, queimaduras, cirurgias, entre outros. Devido à sua importância metabólica, o seu fornecimento para os diversos tecidos corporais deve ser mantido constantemente.

Durante o exercício físico intenso e prolongado, o músculo esquelético passa a produzir e liberar menos glutamina para a circulação sanguínea, ao contrário do que acontece no exercício de intensidade moderada. Isso acarreta diminuição plasmática da substância e da imunidade, com aumento de incidência de infecções do trato respiratório superior, conforme observado em triatletas e corredores.

O músculo esquelético é um grande produtor e liberador de glutamina, elemento de interação metabólica entre esse tecido e outros, como intestino, rins e órgãos linfoides. Praticamente toda a glutamina ingerida é metabolizada pelo intestino delgado. Além do músculo esquelético, o pulmão e o fígado também são grandes produtores do aminoácido.

Sabe-se que as células do intestino delgado metabolizam quase que 100% de toda glutamina ingerida e que, para manter a sua concentração na circulação, o músculo esquelético usa os aminoácidos de cadeia ramificada (BCAAs) providos pela dieta. Os BCAAs são oxidados rápida e preferencialmente pelo músculo esquelético a fim de produzir energia.

 

 

 

Esses aminoácidos são desaminados (retirada do grupamento amínico ou amônia) e transaminados (transferência da amônia) para a síntese de alanina em vez de glutamina. Esse processo tem a finalidade de manter a glicemia constante para o bom funcionamento do cérebro. Assim, quando o músculo diminui sua produção de glutamina, conforme observa-se durante o esforço intenso e prolongado, esta pode ser mantida e/ou menos reduzida por meio da suplementação com BCAAs para suprir a necessidade de glutamina pelos outros tecidos e células (em particular as do sistema imunitário).

A desaminação e transaminação da amônia da molécula dos BCAAs para a formação de glutamina gera grande fluxo desse metabólito para o fígado e rins (cujo papel é excretá-la na urina). Além disso, os próprios rins têm a capacidade de captar glutamina diretamente da circulação sanguínea e desaminá-la, transformando-a em glicose para ser liberada posteriormente para a circulação, bem como captar mais amônia (a fim de aumentar o pH sanguíneo), isso em situação de acidose metabólica.

Com tudo isso exposto, atletas engajados em treinamento intenso e prolongado podem se beneficiar da ingestão de glutamina e BCAAs (que são usados para aumentar a glutamina plasmática pelo músculo esquelético), mas devem fazer isso assistidos por um profissional da área da saúde (nutricionista do esporte) devidamente qualificado.