Querer não é poder, respeite seu limite genético

Atualizado em 09 de novembro de 2016
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Quando nos tornamos atletas vivemos sempre a expectativa de quais limites superar e quais serão as performances a atingir. Por meio de testes laboratoriais, é possível ter uma ideia das capacidades fisiológicas envolvidas na prática de cada modalidade — sabendo um pouco, assim, do nosso limite genético.

No caso da corrida de fundo, o principal fator determinante é a capacidade aeróbia máxima ou VO2 max. Por definição, VO2 max é a maior quantidade de oxigênio que o nosso organismo consegue transportar medida em ml/kg de peso/min. Ele determina a diferença entre níveis atléticos do amador praticante e do atleta de alto nível e, dentre estes, do campeão para seus adversários.

Outros fatores como força, flexibilidade e coordenação motora também são determinantes neste processo, mas nada como o VO2 max, que difere um motor turbo de um motor carburado.

Por meio de inúmeras pesquisas com indivíduos corredores de fundo, chegou-se à conclusão de que existem faixas de valores referenciais de VO2 max relativo aos níveis de performance do indivíduo. Por exemplo: atletas de elite possuem valores de VO2 max superiores a 70 ml/kg/min. E, dentro deste grupo, alguns podem ter na casa dos 70 e outros próximo aos 80, o que dará a esses últimos prováveis melhores resultados nas provas. 

Complementando os exemplos, atletas amadores de elite, ou aqueles que competem entre os melhores de suas faixas etárias nas disputas têm valores de VO2 max entre 60 e 70 ml/kg/min.

 

 

O VO2 max é um dado, uma herança genética e, assim sendo, sua variação é muito pequena em um indivíduo de composição corporal média. No caso dos indivíduos acima do peso que emagrecem, mudando sua composição corporal ao trocar gordura por massa muscular produtiva, essa variação pode ser pouco maior, mas nada que vá alterar o que está geneticamente determinado.

É nesse ponto que devemos esclarecer a mítica da palavra “superação”. Nenhum atleta superará seus limites predeterminados geneticamente. O que eventualmente pode acontecer é, em determinada competição, o esportista estar um pouco mais disposto física e psicologicamente, trazendo alguma melhora à sua performance.

Não existe mágica. Resultados são fruto de conhecimento de limites e sabedoria de utilização das ferramentas oferecidas pela ciência do treinamento desportivo para um melhor aproveitamento da performance atlética. Quando o atleta e seu treinador sabem como fazer uso delas, os resultados são mais reais. Além disso, evitam as tentativas e erros que, na maioria das vezes, levam o atleta a sofrer lesões por ultrapassar constantemente seus limites em momentos errados durante sua preparação.