Por que correr nas ciclovias?

Atualizado em 14 de julho de 2016
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Não são raras as vezes que encontramos pessoas correndo e caminhando nas vias para as famosas magrelas. Independentemente do fato delas estarem corretas ou não, cada uma tem suas justificativas. Mas, afinal, quais as diferenças entre correr dentro e fora delas?

Vou começar com a resposta mais excêntrica que escutei, onde uma mulher me contou que correr sobre uma pista pintada de vermelho com bordas demarcadas e com uma linha branca fazia ela se sentir como uma rainha correndo sobre um tapete gigante dentro do castelo. O.K., ela “viajou” um pouco, mas mostra muito da relação que existe entre o componente visual e o rendimento durante nossos treinos. Muitas pessoas são motivadas pela aparência do ambiente. Não sei se existem estudos, mas correr em um espaço visualmente mais agradável costuma ser mais motivador do que em um local de aspecto visual mais hostil, gerando diferenças quando comparamos os tempos e as distâncias percorridas. Ou seja, tendemos a querer correr por mais tempo, ou nos cansamos menos em lugares mais bonitos ou organizados.

Outra resposta mencionava o fato de não ter muitas imperfeições na superfície, dando a sensação de estar correndo no piso de dentro da casa. Com certeza, vai depender da ciclovia. Mas realmente algumas são muito bem construídas, de forma que o ciclista não sinta ondulações ou trepidações, tornando o treino ou o passeio mais agradável. Correr em terrenos planos sem precisar prestar atenção para desviar de inclinações bruscas ou pular de buracos, certamente cansa menos e faz nosso treino render mais.

Além do fato dessas pistas serem mais planas, algumas são feitas com uma camada de cimento, tornando a superfície mais dura do que o asfalto. Isso faz com que esta superfície tenha uma capacidade reduzida para absorver o impacto — e com que alguns atletas sintam-se mais rápidos ao correrem sobre ela. É uma questão de física, onde uma superfície que absorve menos o impacto possui uma força resultante maior, potencializando a impulsão do corredor.

Um componente bem comentado também é o da segurança em relação aos carros. Como as vias para as bikes, geralmente, são separadas por barreiras mecânicas (alto relevo, muretas, cercas, canteiros e outros obstáculos presos ao chão), atletas que não possuem outra opção a não ser treinar nas vias públicas, sem ter que ficar desviando das pessoas nas calçadas, se utilizam delas sem pensar duas vezes.

Até aqui todos devem estar pensando que eu estou incentivando a corrida nas ciclovias. Não, mesmo! Para isso, é válido mostrar o outro lado de cada item.

A pista da bicicleta realmente pode ser bonita para alguns, mas ela não muda e você pode se acostumar rapidamente. Assim, aumentam as chances dela ficar sem graça e cansativa. Além disso, na minha opinião não existe nada melhor que ver um caminho de terra batida desenhado no meio de um gramado ou separando árvores por uma linha sinuosa. Correr no plano regular é confortável, mas não estimula tantos músculos diferentes, de formas variadas, como correr em terrenos irregulares. Correr no chão duro pode ser mais rápido, mas como absorve menos impacto, força mais as articulações e os músculos, podendo reduzir a vida útil de suas cartilagens. E, por fim, não existe jeito mais seguro (em relação a atropelamentos) que correr em locais onde os carros são proibidos de circular, como no meio de praças, parques e clubes.

Ou seja, correr nas ciclovias (ou ciclofaixas) pode ser tão, ou mais prazeroso quanto fora delas, mas saiba que existem algumas diferenças importantes, além da chance aumentada de ser atropelado por uma bicicleta! Enfim, tenha bom senso e acima de tudo: não pare de treinar!