O que separa um esportista de um atleta?

Atualizado em 01 de julho de 2016

Esses dias estava batendo um papo com um amigo meu sobre os treinos dele. Ele criou gosto pelo esporte há poucos anos, corre e faz treinamento funcional.  Cuidar da casa da alma dele virou uma prioridade diária do qual se orgulha muito (e eu também, por ele). Ele não participa de competições e nem tem esse foco. O que me chamou a atenção foi quando ele descreveu o treino de intensidade que tinha feito no dia. Nos tiros, a meta era conseguir manter uma velocidade alta por determinado tempo, coisa que ele nunca tinha feito antes. Ele duvidou que seria possível, ensaiou algumas conversas consigo mesmo antes de começar, negociou com as pernas… Mas tentou e conseguiu. “Até sobrou no final” ele ainda se gabou com um sorriso esperto, de quem descobriu algo novo.

“Hm, sei exatamente do que você está falando”, eu pensei. Com um leve sorriso. Pra mim, isso é o que separa um esportista, de um atleta – a capacidade de se superar. Simon se tornou um atleta. Ele conseguiu enfrentar um medo (no caso, o de falhar), e descobrir o sentimento que vem depois disso. Adrenalina misturada com potência, a superação – que nunca vem sozinha. Ela vem junto com novas metas e objetivos, redefine o seu significado de limite.

Ao longo desses últimos 5 anos, desde que comecei a levar o esporte a sério, tive o prazer de treinar com diversas pessoas e em todos os ritmos. E essa questão da superação foi algo que sempre me chamou a atenção. Já vi tanta gente cheia de potencial deixar de alcançar grandes resultados por não conseguir quebrar a barreira da superação…

Às vezes o medo fala mesmo mais alto, ele é um amigo – nos alerta sobre o perigo, nos faz mais espertos. Mas o medo de dar seu melhor é um perigo! Não é por isso que o medo existe, para nos limitar. Isso está mais para uma auto-sabotagem.

Acho que a capacidade de ir além, mais longe, mais rápido, está diretamente vinculada com nossa habilidade de lidar com nossos medos, receios e a forma como encaramos ele. E isso não é um treino físico que determina – é o trabalho emocional, mental – e é justamente isso que separa um atleta, de um esportista.