O que muda quando corremos com mochila

Atualizado em 28 de julho de 2017
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Faz um tempo, comecei a economizar o dinheiro da condução uma ou mais vezes na semana voltando para casa correndo. Mas, como muitos, preciso da mochila para levar comida e itens de trabalho, além do calçado e da calça que são acrescentados nos dias que deixo de pegar ônibus ou metrô. No caminho, sempre encontro outras pessoas que fazem o mesmo, porém, umas com mochilas maiores e outras bem menores. E por isso deu vontade de escrever algo sobre correr com mochila.

A grande diferença ao correr com mochila é que, inevitavelmente, ela tende a se deslocar em um movimento contrário ao do seu corpo. Ou seja, quando você se impulsiona para a esquerda, ela vai para a direita; quando acelera para frente, ela vai para trás; quando salta para cima, parece que ela pesa mais para baixo e vice-versa. E isso é muito chato no começo.

Querendo ou não, a mochila está presa em você e isso faz dela um elemento que desloca o seu centro de massa o tempo todo, de forma retardada. Com esse deslocamento tardio, nossos músculos precisam trabalhar de forma totalmente diferente quando comparado a uma corrida sem mochila.

É como se ele precisasse antecipar o movimento tardio da mochila em relação ao corpo, contraindo músculos de estabilização antes do seu movimento, mas também precisa contrair outros músculos para depois do movimento dela, que também geram abalos no corpo todo. Por isso, quanto maior o peso e o volume da bolsa, maiores serão as compensações do corpo durante uma corrida.

Apesar de tudo, tem um ponto positivo, pelo menos para mim. Em uma corrida eficiente, a pessoa que corre não deve realizar movimentos laterais, mas, sim, movimentos para frente e para trás. Pensando nisso, se a sua mochila estiver indo para os lados enquanto corre, possivelmente isto indica que precisa melhorar seus movimentos de braços, ombros e/ou tronco.

Neste caso, o ideal seria que a bolsa fosse apenas para frente e para trás, encostando e afastando do seu tronco, sem arrastar para os lados. Obviamente, vai depender do tamanho dela, pois se for muito grande, provavelmente vai bater nas coxas, gerando movimentos laterais a cada passada por conta disso.

 

 

Eu particularmente senti diferenças na minha corrida depois de passar dias “mochilando”. Mas ao invés de deixá-la nas costas, eu a colocava na frente, contra meu peito. Apesar do desconforto do impacto constante na barriga, eu achava melhor, pois o apoio no ombro me forçava a usar os músculos das escápulas, me mantendo mais ereto do que quando deixava as alças no modo convencional, o que estimulava meus ombros para frente, levando o queixo para frente também, me dando dores no pescoço.

Não existem regras quanto ao jeito de correr com mochila, mas uma coisa que ajuda bastante é reduzir as oscilações dela, ou do seu conteúdo. Portanto, é importante deixá-la o mais presa e rente ao seu corpo possível, tentando manter presas as coisas que estão dentro.

Uma sugestão é encher saquinhos plásticos com ar e preencher todo o espaço vazio dentro dela. Com isso, os objetos em seu interior ficarão estabilizados, reduzindo os movimentos descontrolados.

Note que podemos, sim, sermos beneficiados ao correr com mochila, prestando atenção em seus movimentos para corrigir os nossos próprios gestos. Por exemplo, se o conteúdo estiver equilibrado, mas ela balança mais para um lado do que para o outro, provavelmente você está impulsionando mais forte com uma perna em relação à outra. Se ela está saltitando demais, provavelmente é porque você gasta muita energia vertical, sobrecarregando suas articulações com impactos desnecessários. Enfim, é possível fazer muitas análises em cima dessa experiência.

De modo geral, evite correr com mochilas muito pesadas ou grandes. Na verdade, é bom evitar correr com elas sem necessidade, pois elas forçam mais o corpo de uma maneira nada funcional. Se precisar, dê preferência para as mochilas mais anatômicas e feitas para corrida (como as de hidratação), que possuem alças para melhor fixação no corpo. Fica a dica!