O desafio da primeira viagem de bicicleta

Atualizado em 28 de julho de 2017
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Muitas pessoas que pedalam têm o sonho de fazer sua primeira viagem de bicicleta de longa distância, mas se sentem inseguras com relação aos preparativos e execução da viagem. Para ajudar quem está nesse impasse, vou expor um pouco da minha experiência com o intuito de te motivar a fazer a melhor das viagens em cima de uma bike.

Desde que comecei a viajar de bicicleta, em 2005, já pedalei em todos os continentes. De viagens leves por paisagens bucólicas até as dificuldades de pedalar no ar rarefeito a mais de 5.000 m de altitude nos Himalaias. De viagens curtas de 100 km até os 3.200 km de Paris a Istambul. Tudo isso começou com um primeiro passo, ou melhor, giro do pedal.

A mais difícil de todas é a primeira viagem, onde a falta de experiência cria fantasmas que te atormentam e muitas vezes te afastam de realizá-la. A minha primeira viagem foi o caminho de Santiago de Compostela, atravessando todo o norte da Espanha. Naquela época, com 44 anos eu não pedalava regularmente há mais de 20 anos, minha querida Caloi 10 estava guardada e eu raramente passeava com ela.

Um convite de um amigo, Irineu Masieiro, me atraiu. Ele tinha o desejo de fazer o Caminho de Santiago e me convidou a ir com ele. Gostei da ideia. A primeira pergunta foi:

– Qual a distância?

– 700 ou 800 Km; respondeu ele.

– O QUÊ? Você está louco? Eu só estou dando voltas no parque com a bike.

– Não tem problema, vai aumentando a distância aos poucos e você conseguirá; disse ele.

Será? Pensei eu. De sedentário convicto a um esportista? Seria possível essa mudança? Isso foi em outubro de 2004. Em maio de 2005 eu completei aquela viagem, que de 700 virou 1.087 km em 15 dias de pedal.

Meu primeiro desafio era aquele número enorme de quilômetros. O segundo o meu preparo físico. Nós tendemos a aumentar os problemas, criar dificuldades e desculpas para um eventual insucesso de qualquer sonho. Ou seja, meu maior desafio era o psicológico e foi por aí que comecei, fazendo contas.

Uma viagem de 1.000 km é enorme. Mas uma viagem de 60 ou 70 km já não é tão assustadora. Se eu conseguir pedalar esses 70 km em um dia, preciso fazer 15 viagens de um dia para chegar aos 1.000 km. Foi por aí que estabeleci minha meta. Decidi que todo dia pedalaria um pouco e nos finais de semana faria meus treinos de distância. Descobri que brincando, em duas ou três horas, eu pedalava 30 km dentro da cidade, indo para lugares que estava acostumado.

Meu objetivo não era pedalar rápido, mas sim conseguir quilometragem ao longo do dia. As pedaladas de domingo de manhã começavam as 7h ou 8h e iam até meio dia. Em menos de um mês eu já pedalava os 60 ou 70 Km sem perceber.

Meu segundo desafio foi atingir a marca de 100 km em um dia. Para tal passei a fazer viagens onde eu saia de manhã, almoçava em algum lugar e voltava no final da tarde. Em dois meses eu estava atingindo a marca, e sem nenhum heroísmo ou esforço extenuante.O segredo foi sempre respeitar os meus limites. Fisicamente eu estava pronto. Fiz um pouco de academia e musculação, mas passar horas em cima da bike foi o preparo efetivo para essa viagem.

Depois, o segundo desafio foi planejar a rota, os equipamentos e objetos que levaria na viagem, mas isso fica para o próximo post…

Para servir de inspiração, confira algumas imagens da minha viagem de bike a Santiago de Compostela/ Finisterra:

 

Boas pedaladas a todos!

*se você tiver alguma dúvida sobre viajar de bike mande uma mensagem para meu e-mail (jose.antonio@ramalho.com.br) ou minha página no Facebook (Jose Antonio Alves Ramalho).