O corpo perfeito: estética X função

Atualizado em 14 de julho de 2016

Acredito que a maioria de nós tem uma ideia a respeito do que é um corpo perfeito. Costumamos ter a imagem de um corpo alinhado, ereto, com músculos torneados, entre outras tantas características. Às vezes, memorizamos imagens de algumas pessoas famosas, ou mesmo próximas a nós, que acreditamos terem o biótipo ideal. Mas a perfeição de um corpo está muito além dos parâmetros estéticos.

Primeiramente, vamos pensar o conceito de funcionalidade. O corpo deve ser funcional, capaz de realizar todas as atividades diárias. Ou seja, ele precisa ter o mínimo de força nos músculos, para gerar um mínimo de movimentos nas articulações, ambos necessários para executar tarefas como tomar banho, vestir roupa, amarrar os tênis, escovar os dentes, deslocar-se no espaço e carregar o necessário. Se as tarefas incluírem corridas e carregamento de pesos maiores, a pessoa precisa ter mais força e resistência para dar conta de suas funções. Ou seja, uma senhora de 90 anos pode ser tão funcional, quanto um triatleta de 30 anos, desde que ambos possuam a força e a flexibilidade necessárias para suas demandas. Logo, um corpo perfeito.

Um segundo conceito é o da resistência. Muitas de nossas tarefas são repetitivas e exigem maior tolerância do corpo. Se não são movimentos repetitivos, são posturas estáticas prolongadas. Por exemplo, um garçom precisa ficar muito tempo em pé, andar e carregar peso entre as mesas… Um juiz de tribunal precisa ficar por muitas horas sentado. Parece brincadeira, mas existem muitas pessoas que não conseguem ficar mais que 30 minutos sentadas.

Outro conceito importante é o da eficiência, que pode ser resumido como o menor gasto energético possível, para uma determinada tarefa. Pessoas treinadas ou mesmo com uma consciência corporal mais desenvolvida são capazes de usar, apenas, as partes do corpo necessárias para executar determinados movimentos e realizar atividades específicas. Um exemplo contrário seria o das pessoas que tensionam demais o pescoço e a coluna, enrijecendo todo o corpo, para uma tarefa simples como levantar um braço.

Um conceito mais complicado é o do conforto. Não adianta conseguirmos fazer tudo o que precisamos às custas de dores, cansaço, náuseas, alterações de sensibilidades, entre outros diversos tipos de incômodos. Não significa dizer que todas as nossas atividades devam ser prazerosas (seria muito utópico!). Mas elas não deveriam ser fisicamente desconfortáveis. Há quem duvide, mas é possível fazer a faxina da casa sem sentir dor nas costas.

Note que em nenhum momento foi mencionada qualquer exigência visual. Ou seja, de alinhamento de coluna, de tamanho de músculos ou de simetrias entre os lados. Um corpo perfeito está adequado ao modo como o utilizamos e sentimos. Seja alto ou gordo, idoso ou adolescente, corcunda ou até mesmo amputado, se o corpo te permite fazer tudo o que precisa, da forma como precisa e sem desconfortos, ele é perfeito. Agora, se você o considera bonito ou não é outra história, e outros conceitos.