Exercício físico em jejum: prática nada saudável

Atualizado em 15 de julho de 2016

O exercício físico, nos dias de hoje, tem importante papel no aumento da longevidade e é uma forte proteção contra o desenvolvimento de doenças crônicas degenerativas. Pois, com o desenvolvimento científico e tecnológico, depara-se também com elevado nível de estresse e sedentarismo, o que compromete a saúde de boa parte das populações de países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Estudos apontam que a afinidade com o desporto e sua especificidade, permitem maior aderência e continuidade ao treinamento, principalmente, quando combinado a uma alimentação saudável e balanceada. Para quem quer perder peso, por exemplo, uma boa caminhada e refeições balanceadas podem ser os primeiros passos de uma boa saúde. Um ponto importante, neste contexto, é não realizar o exercício físico em jejum. O que chamamos de uma prática nada saudável.

Durante a execução dos exercícios físicos, o organismo depende de percentuais diferentes de substratos energéticos (carboidratos, gorduras e proteínas). O uso maior de um substrato em relação ao outro, depende principalmente da intensidade do esforço. Essa intensidade relativa, monitorada pela frequência cardíaca, pode num crescente, categorizar-se em leve, moderada, pesada e muito pesada. Assim, se o indivíduo estiver em jejum, seu nível sanguíneo de glicose (que é um carboidrato) pode estar baixo, condição denominada estágio inicial de hipoglicemia. E o exercício físico, neste caso, pode não só comprometer o rendimento físico, mas também a saúde.

Neste momento, então, com a baixa oferta de carboidratos no sangue, também no fígado e no músculo esquelético, as proteínas passam ter importante participação no metabolismo e resíntese de energia. Na verdade, todos querem “queimar” gordura. Do ponto de vista metabólico, na combustão de gorduras, responsáveis pelo fornecimento da maior quantidade de energia, em repouso e nos exercícios de baixa ou moderada intensidades, há necessidade de um componente derivado dos carboidratos, denominado “ácido oxaloacético”, para que a gordura realmente possa ser usada como substrato energético. Essa reação aeróbica depende de uma complexa rede de comandos e reações químicas. Sem este derivado, ácido oxaloacético, não há utilização de gorduras na célula muscular. Há uma frase na literatura científica da fisiologia que diz: “os lipídios (gordura) queimam na chama dos glicídios (carboidratos)”.

Então, ao exercitar-se em jejum, acreditando que irá “queimar” mais gorduras,  que ocorrerá, na verdade, é hipoglicemia, grande produção de corpos cetônicos, responsáveis pela acidose metabólica, que dá aquele hálito de acetona na boca e, consequentemente, fadiga muscular, queda de rendimento, náuseas e vertigens. Indivíduos que treinam longos períodos nessas condições acabam por perder mais massa magra e, consequentemente, diminuição de seu metabolismo de repouso. Diz que ficou mais leve, quando for pesar na balança, mas, na verdade, mais gordo, na medida em que não usou, durante os períodos de treinamento, a gordura dos adipócitos como principal substrato energético.

ZDERIC, T.W.; SCHENK, S.; DAVIDSON, C.J.; BYERLEY, L.O.; COYLE, E.F.  Manipulation of dietary carbohydrate and muscle glycogen affects glucose uptake during exercise when fat oxidation is impaired by beta-adrenergic blockade. Am J Physiol Endocrinol Metab., v. 287, p. E1195-E1201, 2004.