Em busca de um like perdido do “nós” contra “eles”

Atualizado em 20 de setembro de 2016
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Não bastasse a polarização política e social em voga no Brasil, ainda existem grupos no Facebook “semeando a discórdia” entre corredores trail contra aqueles que competem no asfalto sob o falso manto do humor, por meio dos famigerados (e porque não dizer agressivos) “memes”.

Pior: criaram subgrupos de corredores formados por aqueles que correm prova de montanha de “verdade” e dos que participam de trail runs, digamos, “mais comerciais” ou mainstream como um El Cruce, um K42, entre outras provas. Já vi in loco atletas como Killian Jornet, Miguel Heras, Anna Frost e Luis Alberto Hernando (só para ficar em alguns nomes do supra sumo do trail mundial) correndo numa dessas provas, que os “puristas” dizem ser uma empulhação. No mais, comparar asfalto versus trilha é de extrema desonestidade intelectual para o público desavisado.

Óbvio que a montanha, com suas íngremes subidas e perrengues, requer um trabalho de força muito maior. Mas vai o trilheiro-amador chutar uma maratona no asfalto em um pace constante, com sangue nos olhos sem a paradinha para tomar água ou folego…Ou seja: cada modalidade uma sentença. O que é mais difícil: ser forte ou rápido? Creio que não há comparativos. Se pegarmos os melhores trilheiros mundiais e os colocarmos no asfalto com os melhores do asfalto, seus paces serão medíocres.

A recíproca também é verdadeira. Tanto Kimetto quanto Killian são corredores. Ninguém é mais ou menos corredor do que o outro. O que acontece é a especificidade que existe relação a treinos específicos, além das características físicas para determinado tipo de prova. Em suma: é apenas uma questão de especialidade diferente. Mas fazer o que com essa parcela da sociedade que defende suas toscas convicções em busca de um like perdido?