Correr em grupo é uma boa opção

Atualizado em 20 de setembro de 2016
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Costumo dizer que a primeira coisa que alguém deve fazer na hora em que decide correr é encontrar companhia. Porque a corrida pode ser tudo, menos um esporte individual. Mesmo os atletas de ponta precisam saber trabalhar em equipe com seus compatriotas, aceitar ajuda dos “coelhos” e orientar-se pelo posicionamento dos concorrentes. Em relação aos amadores, nem se discute: correr junto de alguém ou correr em grupo é sempre a melhor opção.

Para correr com um amigo ou com a pessoa amada, é só combinar. Se você pretende correr contra eles, porém, nem comece. Não se compete com quem se gosta — eis o mandamento que aprendi com a vida. Já vi amizades e casamentos tidos como sólidos acabarem por causa do azedume de competições bestas. Às vezes, a luta é para saber quem tira a melhor nota no karaokê; outras vezes, um grupo racha numa partida de Imagem & Ação; e, acreditem, não é incomum ver relações se deteriorarem na disputa para ver quem faz o melhor tempo nos 10 km.

Por outro lado, para aqueles que querem correr com pessoas que compartilham da mesma paixão, a melhor opção é uma equipe de corrida ou correr em grupo. Mas fique esperto: jamais escolha sua assessoria pela cor da camiseta. Abstraia-se das cores e procure conhecer quem é o técnico do grupo, o seu estilo, seu conhecimento e de que tipo de assistentes se cerca.

Às vezes o técnico é ótimo, mas não dá conta de centenas de alunos e você pode acabar na mão de gente despreparada. Outras vezes, o treinador nem é uma sumidade, mas tem ótimos auxiliares. Não existe uma fórmula perfeita para todos.
Eu não sou daqueles que precisam ligar para o técnico antes e depois de cada treino. Sou grandinho e sei me virar bem com uma planilha. Mas tem gente que não vive sem seis mensagens de e-mail e 18 WhatsApp por dia para o professor — e agem como aquele menininho sentado no trono que grita: “Manhêee, acabei!”. Nada contra, mas se você gosta de ser mimado e está no grau máximo do medidor de carência, busque assessorias menores ou com uma equipe grande.

Outra coisa importante é o jeitão do grupo. Se você é um corredor fashionista ou hiperconectado, daqueles que gostam de usar GPS num pulso, relógio cebolão no outro, iPod no ombro e mochila com sucos repositores de energias nas costas, jamais tente correr com um grupo, digamos, mais rústico. Aqueles manos de tênis Bamba sem meia e camiseta “São Silvestre 1997” toda puída te farão bullying até a consumação dos tempos. Há grupos mais jovens e grupos de veteranos, grupos mais voltados à performance e outros de gente que curte mesmo é ganhar a camiseta da prova e postar fotos nas redes sociais com a medalha, fazendo cara de “eu sou fodástico”. Tem para todo tipo de freguês.

Não importa qual é o seu estilo, você sempre encontrará sua turma. Faça isso e a corrida jamais será um esporte individual ou solitário para você. Porque a vida é complicada demais para ser enfrentada sem companhia.

(Coluna publicada na Revista O2, edição 150 de Novembro, de 2015)