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Atestado médico e exames são coisas totalmente diferentes

Atualizado em 08 de outubro de 2019
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A corrida é um esporte seguro estatisticamente falando, mas às vezes acontecem problemas. Também, estatisticamente, é mais provável haver um acidente simplesmente andando na rua do que praticando corrida, mas acidentes acontecem e às vezes são fatais.

Foi o que aconteceu neste último final de semana na Maratona Sesc de Foz do Iguaçu, em que o experiente corredor Wilton Brancacerense, de 60 anos de idade, veio a óbito após um mal súbito logo no início da prova.

A triste ironia é que essa competição exigia que todos os seus participantes apresentassem o atestado médico – o que é louvável solicitar em provas de longa distância – com o tal veredito ‘apto a praticar atividades físicas’. E enfatizo: é melhor um exame clínico do que nada.

Mas os exames clínicos que são a base dos atestados médicos, geralmente, são feitos sem um maior aprofundamento técnico. E por melhor formação que um médico tenha, ou experiência em clinicar, auscultar o coração e interpretar variações de pressão arterial, dados cujo esses atestados minimamente por lei se baseiam, não conseguem detectar doenças pré-existentes como algumas cardiopatias ou vasculares.

É preciso ficar claro: certas anomalias só serão detectadas através de exames cardiológicos mais aprofundados, como os de imagem e bioquímicos.

O ideal é que o atestado médico seja embasado nestes exames, mas a brecha na legislação permite sua emissão sem. Por isso, fique atento.

É utopia exigir que o SUS forneça esse tipo de exames para um corredor enquanto há fila de espera com casos entre a vida e a morte. E a situação do país ainda em recessão e com desemprego alto, em que grande parte da população não tem a cobertura de um plano de saúde, também atrapalha.

Mas há, sim, esperanças. Ao menos nos grandes e médios centros em departamentos médicos ligados à pesquisa sobre atividades físicas, em grandes hospitais públicos especializados em cardiologia e universidades.  Periodicamente essas instituições buscam voluntários para seus programas de pesquisa.

Enfim, uma vez por ano é o mínimo que devemos correr atrás da saúde em forma de exames.