Assessoria esportiva: nossa turma

Atualizado em 01 de julho de 2016

Muita gente pensa, erradamente, que a corrida é um esporte individual e solitário. Individual, sem dúvida que é, já que não há como alguém correr uma maratona no nosso lugar. Seria bom, mas essa moleza nós não temos. Até existem provas de revezamento, que transformam nossa atividade em esporte coletivo, mas elas são exceções. Assim, numa classificação fria e técnica, teríamos que colocar a corrida na lista dos esportes individuais. Mas individual é um conceito bem diferente de solitário. Porque a corrida só será um esporte solitário se você quiser. A maioria dos corredores prefere fazer suas atividades em grupos. E esses grupos atendem pelo nome de equipes de corrida — ou assessoria esportiva, como preferem alguns.

É muito fácil identificar uma assessoria esportiva. Como os clubes de futebol, todas elas têm cores próprias, espelhadas nas camisetas utilizadas pelos alunos. Eu treino com a amarela, do meu técnico e amigo Marcos Paulo Reis. Mas existem outras dezenas de equipes Brasil afora. Por conta delas, nossos parques, praias e lagoas transformam-se, todas as manhãs e fins de tarde, em verdadeiros arco-íris de corredores. Um mar de gente com camisetas amarelas, vermelhas, azuis, verde-limão, laranja…

Pode parecer bobagem, mas essas camisetas criam um enorme senso de identidade entre os corredores. Fazer parte de uma assessoria esportiva é como integrar uma irmandade. Um senso de camaradagem surge quase que espontaneamente entre os membros de um mesmo clube. Posso estar correndo em Nova York, Madri ou Roma, mas se cruzar com um corredor vestindo a camiseta amarela da MPR, eu o saudarei como se fosse um velho amigo, mesmo que jamais tenha tido a oportunidade de encontrá-lo numa sessão de treino no Ibirapuera.

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Já presenciei abraços emocionados entre perfeitos estranhos, que nada mais tinham em comum do que a mesma camisa. Pode parecer bizarro, mas no fundo é bonito. Ver um corredor com a camiseta da mesma assessoria esportiva com a qual treinamos é como ter a certeza de que ali vai uma boa pessoa. Um cara que dá duro para acordar cedo e treinar algumas vezes por semana, chova ou faça sol. Alguém que sofre com tendinites, canelites, fascites e outros dolorosos “ites”, além de eventuais bolhas. Em síntese: um corredor como nós, com as mesmas aspirações e dificuldades, os mesmos sonhos e dissabores.

Esse sentimento tribal é algo inato no ser humano, que desde os tempos mais distantes sempre procurou se organizar em grupos com uma identidade comum, seja para caçar um mamute, seja para manter a boa forma correndo num parque todas as manhãs. É por conta desse sentimento que até na hora de praticarmos um esporte classificado como individual tratamos logo de “procurar a nossa turma”.

E — quer saber? — ainda bem que somos assim.

(Coluna publicada na Revista O2 – edição #112 – agosto de 2012)

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