As alterações do modo de correr durante o carnaval

Atualizado em 20 de setembro de 2016
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Carnaval é um daqueles momentos em que esquecemos de quase tudo e pensamos apenas no barulho, nas danças de rua, pessoas bebendo e pulando, suando e cantando, ou mesmo fugindo de tudo isso e indo para bem longe da bagunça. Se você está no primeiro grupo, este texto com certeza deve ser lido. Agora, se você é do segundo caso, leia também, para avisar seus amigos que se enquadram no primeiro caso. 🙂

A tendência que as pessoas têm de ficarem horas, períodos inteiros de pé, paradas, andando dançando e pulando, ou tudo ao mesmo tempo, exige muito de alguns músculos específicos. Os principais acabam sendo, sempre, as panturrilhas e os músculos da coluna lombar.

Neste caso, os músculos da coluna são exigidos mais para manter a postura da pessoa em pé, não sendo responsáveis tanto para gerar um movimento, como as panturrilhas. Agora vamos considerar o uso destes músculos por várias horas seguidas, acrescentando a adrenalina e o prazer do momento, a distração com a riqueza sonora e visual, desidratação e talvez alguns copos de cerveja e caipirinha….A chance de você não sentir nenhum desconforto durante o evento é grande, da mesma forma que é grande a chance de você sentir algum este desconforto depois. Mas não é este o lugar que quero chegar.

Tudo bem: você não sentiu nada, mesmo após esfriar o corpo e acordar no dia seguinte. Então você resolve sair para dar uma corrida e fazer o mesmo treino que está acostumado. E essa é a hora mais intrigante. Dependendo do quanto você exigiu dos músculos na festa do dia anterior, é bem provável que eles não tenham tido tempo necessário para recuperar suas fibras, nem o estoque de energia suficiente para aguentar o treino todo.

Isso pode gerar lesões sim – mas o mais interessante é que provavelmente você irá correr de um jeito diferente! Isso mesmo.

Nosso corpo é inteligente o suficiente para deslocar esforços considerados excessivos de alguns músculos para outros de função semelhante, ou que consigam suprir a função do primeiro. Ou seja, se as panturrilhas estiverem esgotadas, fracas pelo dia anterior (mesmo sem sintomas por parte da pessoa), pode ser que o corpo mande mais estímulos aos músculos da coxa, do quadril ou da coluna, para evitar usar as panturrilhas. Isso fará a pessoa poupar um músculo desfavorecido. Porém, se vários deles estiverem incapacitados, a lesão será iminente.

Um bom comparativo que uso como exemplo é aquele exercício que muitas mulheres fazem para fortalecer os glúteos: de quatro apoios, tentam esticar a perna para cima com uma caneleira. O problema é que a maioria coloca pesos absurdos (mais de 5 quilos já é um absurdo!), acreditando que o glúteo é forte e só começa a “queimar” com estes pesos.

Se fizessem do jeito correto, notariam que apenas o peso da própria perna já seria o suficiente para “queimar” o glúteo – e 5 quilos seria insuportável. Mas o que acontece é que elas usam os músculos das costas e/ou os posteriores da coxa e, assim, quando estes últimos se esgotam ou não dão mais conta, finalmente os glúteos passam a ser recrutados e começam a contrair. Na corrida é a mesma coisa em relação aos músculos cansados e exaustos após um bom período de festas.

O perigo está talvez na sequência de dias nas ruas, em ambiente festivo, onde baixamos a guarda e permitimos nos machucar com fatores relativamente simples. Então o melhor a fazer é se prevenir: use calçados confortáveis, mantenha-se sempre hidratado (alterne copos de água entre copos de bebidas alcoólicas), descanse as pernas e as costas sempre que possível (sentar ou deitar no chão, apoiar o corpo na parede, etc.), use o aquecimento antes dos treinos para avaliar suas condições físicas e com isso planejar a intensidade da sua corrida, e acima de tudo, use o bom senso. A melhor diversão é aquela que tem apenas lembranças divertidas.

Bons treinos e bom carnaval!