Brasileiro conta como foi treinar com Rich Froning por três dias

Atualizado em 19 de julho de 2017

Imagine se você pudesse gastar cerca de R$ 25 e, em troca, ganhar US$ 1 mil em compras no site da Reebok e passar um fim de semana com tudo pago treinando com Rich Froning? Acredite, teve um brasileiro que conseguiu.

Atleta e treinador da CrossFit BH, Leonardo Roscoe ficou de 5 a 7 de maio ao lado da maior lenda do CrossFit Games. Mas como conseguiu isso? “Estando no lugar certo, na hora certa”, comentou.

A sensação, segundo Leo, foi única. “Treinar com o homem faz de você tudo, menos um atleta comum”. Rich Froning é o maior ganhador da história do CrossFit Games com quatro conquistas. O atleta foi a estrela do documentário “The Fittest Man on History” (o homem de melhor condicionamento físico da história).

Confira abaixo a entrevista completa com o brasileiro que treinou com Froning lá na CrossFit Mayhem na cidade de Cookeville, no estado americano de Tennesse.

 

 

WOD NEWS: Como você conseguiu essa oportunidade?
Leonardo Roscoe: Estando no lugar certo, na hora certa. No dia do lançamento mundial do Nano 7, eu estava no site da Reebok quando surgiu um “pop-up”: 7 oportunidades incríveis por US$ 7,77. Uma delas era “training with Rich”. Eu achei estranho, mas por US$ 7,77 valia a tentativa.

Comprei, contei pros amigos e todos me zoaram muito, até que 10 dias depois chegou o e-mail: “você fez uma compra e achou que era piada, não? Não é. Você acaba de ganhar passagem aérea, hospedagem, alimentação e um camp de treinamento com Rich Froning, tudo isso para 2 pessoas, além de US$ 1 mil em compras no site da Reebok” (risos).

WOD NEWS: Como foi sua relação com ele, que é considerado uma lenda do CrossFit Games? Ele se portou como uma estrela ou foi humilde?
Leonardo Roscoe: O Rich Froning é um ser humano normal que é muito bom no que faz e encara esse sucesso profissional com humildade e sem falsa modéstia. Sempre aberto a conversas, faz piadas, brincadeiras, alto astral, limpa o chão da academia depois que treina. O cara merece 100% o que tem.

Na sexta fomos jantar em um restaurante legal de Cookeville e para nossa surpresa fomos atendidos pela mãe do Froning, que com muito carinho bateu papo, contou histórias, tirou foto e, no final de tudo, nos pediu um abraço forte na hora de ir embora.

WOD NEWS: Vimos que você postou nas redes sociais os WODs que fez em dupla com o Froning. Deu pra acompanhar o ritmo do cara ou ele te deixou pra trás?
Leonardo Roscoe: Ele tinha que me carregar (risos)! O primeiro WOD foi uma escada de squat clean e thruster. No último peso ele teve que fazer 8 das 10 repetições. Fora isso, deu pra acompanhar em tudo. Inclusive, fazer em dupla com ele faz a gente dar um gás a mais.

WOD NEWS: Por ser uma experiência única, com certeza você como atleta e treinador deve ter pedido dicas ou tirado algum ensinamento. O que trouxe de bom de lá?
Leonardo Roscoe: Não cheguei a pedir uma dica específica. Ao longo dos treinos tínhamos momentos de conversas em que ele contava histórias e pensamentos. O que levei desse camp foi: “você não ganha o CrossFit Games em quatro dias de campeonato, mas, sim, acordando todos os dias para ser o melhor do mundo”. Isso me marcou muito, pois eu sempre fui da filosofia: “vou pegar leve no treino e quando tiver valendo eu acelero”. Daqui pra frente isso irá mudar.

WOD NEWS: Seguindo essa linha, quais as principais diferenças dos treinos de um atleta de elite como o Froning para os outros atletas comuns que treinam na CrossFit Mayhem?
Leonardo Roscoe: Bem, na Mayhem tem os alunos que vão em busca de melhorar a saúde e qualidade de vida e os atletas da equipe do Froning. Os companheiros de equipe treinam exatamente igual a ele, juntos e todos os dias. E acredite, treinar com o homem faz de você tudo, menos um atleta comum.

WOD NEWS: Você conseguiu notar semelhanças e diferenças na estrutura do box da Mayhem em relação aos boxes brasileiros?
Leonardo Roscoe: Pra falar a verdade eu conheço poucas academias no Brasil e como viajo muito, conheço várias nos EUA e algumas na Europa. No Brasil normalmente as academias são no centro da cidade, assim como acontece em Nova Iorque, Londres e Los Angeles e o espaço físico acaba sendo um limitador.

Já fui em muitas academias enormes em cidades menores, mas nenhuma tanto quanto a dele, que é do tamanho de um quarteirão, com um campo de futebol americano lá dentro. Fora essa diferença, a qualidade e variedade dos equipamentos, o que só é possível por ser dele, o Rich Froning, que recebe tudo de patrocinadores.

WOD NEWS: Qual a visão que os americanos têm do Brasil no cenário do CrossFit? Eles conhecem alguns dos nossos atletas ou sabem que somos o segundo país com maior número de boxes no mundo?
Leonardo Roscoe: Em outras viagens e conversas já ficou claro que os profissionais de lá veem aqui como um mercado em expansão. Com relação aos nosso atletas, ainda não conhecem ninguém.

WOD NEWS: Vendo de perto o treinamento e a estrutura deles, acredita que teremos algum dia atletas competindo de igual para igual com os americanos?
Leonardo Roscoe: Vendo a estrutura e o suporte esportivo dos americanos, europeus e australianos, onde o esporte é muito incentivado na escola com diversas modalidades e alto rendimento desde novo, acho impossível chegarmos ao nível deles.

Por outro lado, quando nós decidimos correr atrás de algo, fazemos o impossível. No caso do crossfit, estamos alguns anos atrás, então ainda acredito que leva um tempo pra chegar no nível dos caras. Chegar no Games, na categoria principal, pode até acontecer com o Anderon ou com o Guilherme Malheiros em três ou quatro anos. Lutar por top 10 já é outra história. Chegar no nível do Froning é o mesmo que perguntar se alguém vai chegar no nível do Michael Jordan ou do Pelé.