Treinamento em Altitude

Atualizado em 12 de dezembro de 2017
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Inúmeros são os procedimentos que visam potencializar este processo, sendo as câmaras hiperbáricas, máscaras ou tendas hipóxicas (métodos que se baseiam em limitar a oferta de oxigênio no corpo artificialmente, simulando altitude, para melhorar a performance) e os treinamentos em altitude os mais comuns.

Utilizado desde os anos 40 com o objetivo de aumentar a performance em provas de longa duração, o treinamento em altitude é ainda um método muito controverso, e tem sido alvo de inúmeras pesquisas.

Na altitude, à medida que uma pessoa sobe para aproximadamente 1500 metros, a Pressão Parcial de Oxigênio (PO2) ambiental (determinada pela soma das pressões parciais dos gases existentes na atmosfera) começa a diminuir.

Com a queda na PO2 do ar inspirado, há uma queda na PO2 alveolar (pulmões), e conseqüentemente, a saturação (combinação) do oxigênio com a hemoglobina, que atua no transporte de oxigênio (chamada de oxiemoglobina) também cai, e continua caindo, à medida que a altitude aumenta. Com a diminuição na PO2 e no transporte de oxigênio ocorrem alterações fisiológicas nas condições de desempenho físico.

Tais alterações determinam adaptações fisiológicas (tanto positivas quanto negativas), como aumento nos seguintes componentes:

– Capilares sanguíneos
– Densidade mitocondrial
– Enzimas oxidativas
– Ventilação pulmonar
– Número de hemácias (a principal adaptação).

As hemácias são produzidas em resposta à liberação de eritropoetina (EPO) que é um hormônio produzido pelo rim. Como são as principais vias de transporte de O2 do pulmão para os tecidos, teoricamente, quanto maior o número de hemácias, maior é a capacidade do sangue de transportar O2.

Em virtude do treinamento e da permanência em altitude elevada acarretar adaptações benéficas no transporte de O2 mencionadas anteriormente, tal estratégia é comumente utilizada por atletas e treinadores para aumentar a performance no nível do mar. Entretanto, os benefícios desta estratégia como já foi dito acima ainda são controversos.

Alguns estudos mostraram efeitos benéficos com o treinamento na altitude, ao passo que outros mostraram efeitos desfavoráveis do treinamento de altitude sobre a performance ao nível do mar. Um problema comumente encontrado em indivíduos que realizam o treinamento em altitude é que esses atletas não conseguem manter a intensidade do treinamento em virtude da hipóxia (menor quantidade de oxigênio) associada a esses ambientes. Isso pode levar a um descondicionamento e queda da performance.

Para efetuar um estágio de preparação desportiva na altitude, que consiga minimizar esses possíveis efeitos negativos, recomenda-se observar os seguintes princípios metodológicos:

– O conteúdo de treino (exercícios físicos, métodos e meios, cargas e qualidades físicas) deverá ser extraído do plano de treino desportivo geral;
– A duração do estagio é de aproximadamente 21 dias;
– Nos primeiros dias de treino na altitude deve-se reduzir a carga de treino, em especial a intensidade;
– Deve-se controlar o evoluir do pulso do atleta em estado de repouso e depois dos esforços físicos, que deverá diminuir com a adaptação do atleta às condições da altitude;
– Para atletas de alto nível, vários estágios na altitude são permitidos;
– O próximo estágio na altitude deverá ser realizado depois de aproximadamente 40 dias a contar com a data do regresso da altitude do estágio anterior;
– Não se deve aumentar e reduzir exageradamente as cargas de treino – volume e intensidade;
– Na primeira semana registra-se uma redução das cargas. Na segunda semana recomenda-se a aproximação gradual da carga até ao nível planificado e na terceira ao confirmar-se uma adaptação apropriada o volume e intensidade de treinamentos podem ser aumentados;
– Treinamento desportivo na altitude permite o aumento notório de qualidades físicas como força explosiva, resistência especial e geral e velocidade.

Como já dito anteriormente, o treinamento na altitude tem sido usado na tentativa de melhorar a performance de endurance dos atletas, no retorno ao nível do mar. Essa forma de treinamento, entretanto, é cara (devido ao transporte, moradia, alimentação e outros custos) e os possíveis benefícios adquiridos tem curta duração.

A sua eficácia não é totalmente apoiada por pesquisas existentes conduzidas em atletas de endurance. No entanto é interessante frisar que algumas pesquisas mostraram que 14 dias após treinamento em altitude o atleta obteve uma melhora no seu teste de Cooper (12-) em 5,68% para a altitude 2400 metros e 2,15% para a altitude de 1600 metros acima do nível do mar. Estudos mais aprofundados, incluindo aspectos psicológicos e sociais, devem ser realizados para uma confirmação das qualidades desse tipo de treinamento bem como para sua padronização.

Equipe SportsLab
www.sportslab.com.br
-Dr. Sérgio Dias Reis
-Dr. Rogério José Neves
-Dr. Paulo Sérgio Barone
-Prof. Daniel Barsottini