Overtraining: identifique pela pulsação

Atualizado em 25 de julho de 2017

Fadiga, cansaço, inapetência, mudança de humor e até infecções das vias aéreas. Todos esses são sintomas de overtraining, problema que afeta muitos corredores que treinam de forma exagerada. Outro sinal de que você está correndo mais do que deveria vem do coração. “A frequência cardíaca é um dos avisos que podemos usar para ter parâmetros de treinamento e, consequentemente, do excesso dele”, explica o médico do esporte do Instituto do Atleta (INA), em São Paulo, Dr. Rodrigo Palhares.

Segundo o médico, quando o corpo ainda está cansado e não se recuperou totalmente de um treino, os batimentos cardíacos por minuto (bpm) em repouso são maiores. Uma reportagem publicada no site Running Competitor ensina uma maneira de, por meio da frequência cardíaca, descobrir se você precisa repousar.

– Logo que acordar, meça seu bpm. Para isso, utilize um relógio digital, um caderno para anotar e caneta. Basta encontrar o sua pulsação no pescoço ou no pulso e conte quantas vezes o seu coração bate durante 20 segundos – cronometrados no relógio. Multiplique esse número por três e terá seu batimento por minuto. É importante variar entre dias com e sem treinamento, para você saber qual deve ser seu bpm em repouso, aproximadamente.

– Faça isso por alguns dias para descobrir uma média da sua frequência cardíaca pela manhã. Vá anotando todos os dias no caderno.

– Compare o valor médio do bpm com um após um dia de corrida mais intensa. Se sua frequência está sete ou mais batimentos acima do normal, significa que ainda não está totalmente recuperado do último treino.

Essa técnica vale também para descobrir se você está melhorando o condicionamento físico. Caso o bpm médio esteja diminuído com o passar do tempo, você está cada vez melhor. Por outro lado, se o valor estiver aumentando gradativamente, você pode estar forçando demais nos treinamentos.

Palhares ainda lembra que há dois tipos de overtraining: simpaticotônico e parassimpaticotônico. “No primeiro, o sistema nervoso simpático (SNS) [que estimula ações que permitem ao organismo responder a situações de estresse] acelera os batimentos cardíacos quando não está totalmente recuperado de uma atividade física”, diz o médico. “É facilmente diagnosticado, pois o indivíduo sente-se doente e com diversos sintomas característicos, como fadiga, excitação, distúrbios do sono, inapetência, perda de peso, tendência ao suor, mãos úmidas, olheiras, palidez, dores de cabeça frequentes, taquicardia, variação da pressão arterial e, como já dito, maior frequência cardíaca de repouso.”

No overtraining parassimpaticotônico, a principal característica é a fraqueza. “O indivíduo não se encontra em condições de mobilizar a energia necessária para participar de uma competição ou realizar exercícios de alta intensidade que fazia antes”, conta. Essa forma de excesso de treinamento é mais difícil de ser identificada, pois o sistema nervoso parassimpático (SNP) tem a função de acalmar o corpo em uma situação de emergência. Logo, os bpm volta ao normal, dificultando a verificação dos sintômas. “O ideal é o diagnóstico de um especialista, após exames laboratoriais.”

Para o tratamento de ambas, a diminuição da carga de treinos é fundamental – dependendo do caso, até a suspensão das atividades. “A recuperação ativa, com a prática de outros esportes, como a natação, também é uma boa opção”, lembra o médico. Massagens, banhos com variação de temperatura e sauna são outros métodos que ajudam. “A alimentação deve ser rica em vitaminas e proteínas”, finaliza o doutor.