O poder do pulmão

Atualizado em 29 de abril de 2016
Mais em Treinamento

Você se preparou semanas para disputar uma corrida de rua. Acredita estar pronto. Mas, no caminho, sente cansaço acima do normal. Sua respiração se torna rápida e superficial. Tenta puxar mais ar e não consegue. Fica exausto. Pergunta-se o que pode ter acontecido. A resposta é simples: é bem provável que você tenha se esquecido de ‘treinar os pulmões’ para essa prova.

Muitas vezes, os atletas não priorizam esse essencial componente por desconhecerem os benefícios de se treinar alguns pontos relacionados à respiração. Segundo especialistas, atletas só pensam em treinar o coração (treino cardiovascular) e os músculos, principalmente membros inferiores (musculação e força). Conheça os resultados de uma respiração errada e dicas que podem ajudá-lo a evitar um cansaço precoce, dores abdominais e uma fadiga intensa.

Estou ofegante. O que fazer?
Não se desespere. Os músculos intercostais, localizados entre as costelas, são potentes motores do mecanismo de respiração. Na medida em que a intensidade da corrida aumenta, essa musculatura é mais exigida, e alguns cuidados são importantes para manter o ritmo sem prejuízos. Ao se sentir ofegante, o atleta deve procurar respirar de maneira instintiva e eficiente, utilizando a boca e o nariz,simultaneamente, para aumentar a passagem de ar e facilitar o trabalho da musculatura.

Movimentos respiratórios forçados, muito curtos e acelerados ou exageradamente longos tendem a perder eficiência ao provocar um maior desgaste da musculatura respiratória. Muitas vezes, acarretam fadiga e dores localizadas na região das costelas e profunda do abdômen.

Abdômen e diafragma
Em uma pessoa ativa e não-atleta, a respiração normalmente é torácica –aquela realizada predominantemente pelos músculos do tórax – intercostais e acessórios do pescoço– e é suficiente para fornecer oxigênio para os músculos e tecidos. Esta respiração é a que aprendemos durante a vida. Para atletas, que precisam de uma maior quantidade de oxigênio nos músculos e tecidos devido a alta demanda de energia, a respiração mais indicada é a respiração abdominal –aquela que usamos predominantemente o músculo abdominal e o diafragma. Esses músculos são mais preparados e fortes para compensar a respiração necessária durante o exercício.

O músculo abdominal e o diafragma formam um vácuo durante a respiração com suas contrações, o que ajuda a encher o pulmão com mais facilidade e com maior volume de ar, assim melhorar a troca de ar e evitar o ar "viciado”. Portanto, o atleta que treina, principalmente, os músculos abdominais e o diafragma, alcança uma melhora importante na capacidade pulmonar e, consequentemente, um ganho nos treinos e provas.

Dicas para melhorar a respiração
– Treinar inspirações e expirações profundas, trabalhando os limites da movimentação abdominal;

– Exercícios abdominais que associem a expiração profunda no momento máximo de contração;

– Para atletas avançados, o uso de máscaras que dificultam a passagem do ar e aumentam o trabalho da musculatura respiratória é um treino bem intenso.

Uma comunicação eficiente
Os atletas de longa distância e em nível internacional já apresentam uma melhor consciência sobre a necessidade e benefício que um treinamento pulmonar para melhorar a respiração e, consequentemente, a oxigenação dos tecidos, com objetivo de aumentar sua resistência, tempo de corrida, e evitar fadiga precoce. Mas, no geral, não é bem assim.

Diante disso, a interação entre atletas, treinadores e outros especialistas, como fisiologistas e fisioterapeutas, pode ser muito rica quando se fala em aprimorar mecanismos respiratórios. Segundo especialistas, é preciso um aumento da informação e da divulgação sobre os efeitos desse aprimoramento para chamar mais o interesse dos corredores pelo mundo. Ou seja, se você tem dúvida, converse com seu treinador ou com um especialista para receber a melhor orientação possível. Assim, você poderá correr distâncias maiores com menos esforço.

Fontes: Camilo Geraldi, diretor técnico da Cogtri Sports, em Belo Horizonte (MG), e Rodrigo Resende Palhares, médico do esporte do INA (Instituto do Atleta), em São Paulo (SP).