Meias de compressão aliadas dos corredores

Atualizado em 29 de abril de 2016

As meias de compressão estão cada vez mais na moda entre os corredores. Seja iniciante ou veterano, é fácil encontrar o acessório em uma corrida de rua, independente da distância. Mas, até que ponto vale o investimento, já que elas são caras? Meiões de futebol – também comuns nas provas de fim de semana – têm o mesmo efeito?

O doutor Kasuo Miyake, cirurgião vascular, formado pela Universidade de São Paulo (USP), e especialista no assunto, explica como as meias de compressão – inventadas em 1929 – funcionam. “Ela [a meia] comprime mais na região dos pés e tornozelos. A pressão diminui gradualmente em direção aos joelhos, o que chamamos de gradiente de pressão”, conta o especialista.

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O acessório pode ser usado para vários fins. “Quem está viajando e vai correr, pode usar as meias de compressão para chegar com a perna mais descansada. Elas também são utilizadas em corridas acima dos 10 km e para a recuperação pós treino”, conta o especialista.

“A pressão maior na extremidade [região dos pés e tornozelo] criam um efeito parecido com o de deixar os pés dentro d’água”, relata o doutor Miyake. “O gradiente de pressão diminui o efeito da força da gravidade, facilitando a circulação do sangue venoso e dos líquidos linfáticos.” Além disso, a meia diminui os edemas (acúmulo anormal de líquido nas cavidades corporais) e a vibração muscular – que pode causar fraturas de estresse e tendinites, segundo o médico.

Ele alerta que há muitos produtos sendo vendidos que prometem a compressão correta, porém não cumprem. “A meia não pode deixar marcas de garrote [como se estivesse apertando] quando retirada.”

Outro diferencial importante: apesar de muito mais baratos, os meiões de futebol não têm a mesma função das meias de compressão. “Na teoria, a peça usada pelos jogadores só piora a performance do corredor, pois sua função é ajudar a proteger de impactos e segurar a caneleira. Não há o gradiente de pressão”, avisa.

Apesar de serem mais indicadas para corridas longas, acima dos 10 km, distâncias mais curtas também podem ser melhoradas com o uso da meia. “Ela melhora o retorno venoso e linfático, além de diminuir a vibração muscular, mas a diferença de usar ou não é mais percebida em distâncias longas e/ou em pessoas com refluxo nas veias safenas, que é assintomático entre 20 e 30% das pessoas.”

É fato que as meias de compressão foram criadas para ajudar, mas também podem prejudicar muitos corredores. O Dr. Miyake listou os riscos que o acessório pode trazer:

– Gradiente invertido: comprimir mais na panturrilha e menos no pé dificulta o retorno do fluxo de sangue e linfático;
– Garrote: piora o retorno linfático e, em caso de usar a meia em uma viagem longa, pode causar trombose de veias;
– Aquecimento: tecidos grossos, que encharcam e aquecem, fazem com que o nosso corpo tente resfriar o local por meio de aumento da circulação. Se a pessoa tem refluxo nas veias e/ou está em um prova longa e quente, vai ter mais inchaço nas pernas.

O valor desses produtos varia muito. Por isso, tome cuidado: “O preço é proporcional à qualidade do fio, tecnologia de tecelagem, respiração que o acessório permite, diversidade de formatos etc. Porém, meias de qualidade melhor, duram muito mais e comprimem da forma correta, fazendo valer o investimento.”

A última grande função das meias de compressão é o auxílio na recuperação pós-treino. “Os atletas têm empregos e, lá, trabalham sentados, com as pernas para baixo. O sangue que desce para os membros inferiores precisa subir contra a gravidade para voltar para o coração”, explica o médico. “Isso causa um inchaço, mesmo que não aparente, mas que retarda a recuperação fisiológica dos músculos.” Com a meia, esse fluxo é facilitado.