Lesão: livre-se do joelho de corredor

Atualizado em 21 de dezembro de 2017

Por mais que você se cuide, faça treinos orientados e aposte no fortalecimento muscular para afastar o risco de lesões, é comum os corredores sentirem dores após darem suas passadas ou, até mesmo, em uma competição. Mas dependendo da dor e da região, aquilo que poderia ser um simples desconforto pode se tornar uma lesão mais grave, que afasta o atleta da corrida de rua por algum tempo.

Ninguém quer ficar longe das ruas. Por isso, é preciso sempre estar atento aos sinais do seu corpo para não ter problemas sérios. E uma das lesões mais reincidentes entre os corredores é o joelho de corredor. Ela pode ser resultado da dor fêmur-patelar, que é causada pela sobrecarga da região e se caracteriza pela dor na face anterior do joelho, que aparece no início dos treinos, melhora com o aquecimento, mas sempre piora para agachar ou subir e descer escadas; da síndrome da fascia lata, que aparece na face lateral ou externa do joelho, após alguns minutos do início do treino, e aumenta de intensidade progressivamente a ponto de impedir a continuidade da corrida; ou ainda, da lesão meniscal degenerativa, que acomete principalmente a face medial ou interna do joelho e é mais comum em pessoas acima dos 40 anos. No último caso, a dor aparece ao dar os primeiros passos depois de algum tempo em repouso e piora ainda mais com a corrida.

O joelho de corredor se dá pelo esforço exacerbado nessa articulação e pelos movimentos repetitivos, que favorecem o aparecimento de tendinites e fortes dores no local. Além disso, muitos problemas nessa articulação estão associados ao alinhamento inadequado e assimetrias no joelho, favorecendo o aparecimento dos problemas.

Além de uma sobrecarga no joelho, o machucado costuma aparecer em atletas que sempre correm na mesma direção, em descidas muito inclinadas e quando há um aumento muito grande de carga durante uma semana de treinamento. A falta de preparo do músculo para receber a carga das passadas também pode acarretar a lesão do joelho.

A fraqueza dos músculos dos glúteos é vista como outro fator desencadeador do problema. Isso porque, quando esse músculo não atua da maneira adequada durante a fase de apoio da corrida, diminui a habilidade para estabilizar a pelve e outros músculos acabam compensando o movimento e se sobrecarregando.

Tratamento e recuperação
Após perceber a dor leve ou o inchaço na parte frontal do joelho, é aconselhável procurar de um médico especialista. Saiba, aliás, que esses são os primeiros sintomas do que pode vir a ser o joelho de corredor, levando ao início do tratamento.

Na fase conhecida como sintomática, há a indicação de repouso, uso de gelo na articulação e até de anti-inflamatórios, sendo um processo de médio a longo prazo, já que ela também envolve a recuperação, o fortalecimento e o alongamento do músculo, além da adequação da carga de treino. Já o tratamento da fase aguda leva de cinco a 20 dias, não incluindo a fase de manutenção, que pode chegar a dois meses. Em alguns casos, devido ao agravamento da lesão, o problema pode chegar a situações extremas que podem requerer tratamento mais agressivo, como infiltrações e até pequenas cirurgias. Entretanto, a maioria dos casos é mais simples e pode ser resolvida com as etapas anteriores.

Em tempo: para garantir a boa saúde do seu joelho e continuar correndo, você deve respeitar o seu limite muscular. O corredor não pode se iludir e fazer apenas com o aquecimento de praxe. É preciso, sempre, fazer exercícios de fortalecimento para evitar problemas. Na matéria Para aliviar o joelho, fortaleça o quadril você encontra boas opções de exercícios.

(Fonte: Roberto Ranzini, ortopedista e médico do esporte, membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), médico do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e do Hospital Alemão Oswaldo Cruz)