Gyrotonic: Saiba como melhorar na corrida

Atualizado em 20 de setembro de 2016

Por Jaime Vieira

Pense em partes do corpo que você precisa trabalhar para correr melhor e sem se machucar. É bem capaz que tenha imaginado as coxas, as panturrilhas, os pés, o abdome — o que está certo, claro! Mas, em algum momento, a fáscia passou pela sua cabeça? Não? Pois saiba que realizar exercícios que contribuem para aumentar o alongamento do tecido fascial pode turbinar seu desempenho e evitar lesões. “A fáscia é um tecido conjuntivo pouco elástico que recobre músculos e tendões. Em alguns casos, também adere a estruturas ósseas”, explica André Pedrinelli, ortopedista do Hospital Santa Catarina, em São Paulo.

Sua principal função é facilitar e permitir o atrito entre os componentes que ela delimita. O problema é que movimentos repetitivos, como os da corrida, causam uma grande fricção entre as partes separadas pelo tecido fascial, o que pode inflamá-lo. “Para evitar isso, é importante ter força e equilíbrio muscular, associados a alongamento e controle motor adequados”, indica Pedrinelli. E você consegue aprimorar essas capacidades com um método chamado Gyrotonic.

O QUE É
O Gyrotonic Expansion System foi criado pelo ginasta e nadador romeno Juliu Horvath. Executados em aparelhos específicos e sempre sob orientação de um profissional especializado, os exercícios do método contam com movimentos amplos e circulares, que devem ser, sempre, coordenados com a respiração. “O Gyrotonic trabalha sobre o centro gravitacional do corpo, localizado entre a musculatura abdominal e parte da coluna — o famoso core”, explica Nicia Luiza Volonakis, educadora física que há 14 anos é instrutora do método. “A técnica melhora a força, a flexibilidade, a mobilidade articular e a coordenação motora”, completa a treinadora.

O TRABALHO FASCIAL
Segundo Nicia, com o Gyrotonic é possível realizar exercícios que simulam muito bem a dinâmica da corrida. E uma das grandes vantagens é que eles recrutam a musculatura quando as fibras se contraem (fase concêntrica) e também se estendem (fase excêntrica). Isso ocorre porque o método utiliza o conceito de tração. Ou seja, exerce uma força contrária sobre o corpo em qualquer sentido de movimento que ele faça. “Isso gera a melhora da mobilidade articular e também alongamento muscular. Como a fáscia se liga ao músculo, automaticamente temos também esse desenvolvimento na condição fascial”, explica Nicia.

“Quando temos restrições na fáscia, por ocorrência de inflamações ou lesões, o tecido pode perder a elasticidade e ficar desidratado, o que prejudica as ações musculares, a amplitude articular e a coordenação. Tudo isso reduz a performance na corrida”, completa.

Os exercícios:
Sequências de exercícios sugeridos pela treinadora Nicia Luiza Volonakis para melhorar o desempenho na corrida e evitar lesões.

1 – Jumping serie

Deite-se na prancha com os pés apoiados na plataforma e as pernas flexionadas. Estenda os joelhos de forma explosiva, com força suficiente para os pés saírem do acessório (como em um salto).

Jumping serie

2 – Runner’s AID

Ajoelhe-se na prancha e coloque os pés nas plataformas móveis. Estenda a perna direita para trás. Volte. Repita com a outra perna.

Runner's AID

3 – Propeller series

Apoie o pé esquerdo na plataforma giratória. Estenda a perna para trás e depois retorne, fazendo um movimento circular no sentido horário. Complete a série e, então, realize o exercício com a outra perna.

Propeller series

(Matéria publicada na Revista O2, edição 151 de Dezembro, de 2015)