Fortaleça o corpo e afaste as lesões

Atualizado em 20 de dezembro de 2017

Seja sincero: quantas vezes você sentiu uma dorzinha chata que não passava de jeito nenhum e a negligenciou pensando que mais cedo ou mais tarde desapareceria? Essa é uma prática comum entre os corredores. Principalmente, quando a dor não tem relação alguma com as lesões mais comuns na corrida de rua, como a fascite plantar, o joelho do corredor ou a condromalácia patelar, por exemplo.

Pensar em ter de deixar os treinos para cuidar de uma lesão que nem tem explicação é um ponto fora de cogitação para alguns corredores. No entanto, quando você insiste em correr com qualquer dorzinha, os efeitos negativos podem ser muito maiores lá na frente.

A corrida exige, principalmente, o trabalho dos membros inferiores. Mas não é por isso que a coluna, o abdômen, os braços e os glúteos também não causem influência na mecânica das passadas. Esses segmentos do corpo devem ser estabilizados durante todo o tempo do exercício das pernas, as reais propulsoras do movimento, para manter a postura e o eixo de gravidade corretos.

E, certas vezes, são essas outras regiões do corpo as responsáveis pelas incômodas dores sentidas durante a corrida. É por isso, aliás, que você precisa fortalecer todo o corpo para se dedicar às passadas. O equilíbrio é o segredo para a prática de exercícios e esportes sem lesão. Claro que para melhorar o desempenho nas corridas, você precisa treinar nas ruas. Mas o trabalho de resistência muscular localizada, a musculação, o alongamento e a flexibilidade de todos os grandes músculos devem ser igualmente desenvolvidos. Não foque apenas nas pernas.

Quando você esquece as outras partes do corpo, além de sofrer um grande risco de lesão, faz com que desequilíbrios musculares apareçam. E é ai que mora o perigo. Os músculos fazem as articulações executarem ações a favor e contra o movimento desejado. Por exemplo, ao esticar o joelho durante a corrida, os músculos anteriores da coxa contraem a favor do movimento, enquanto os posteriores contraem modulando a ação, em sentido antagônico. Quando há um desequilíbrio entre eles, entretanto, a transferência de força coloca em risco o mais fraco deles. Consequência: as rupturas musculares, as famosas fisgadas e as temidas tendinites passam a se mostrar nesses músculos que não conseguem ter força suficiente para equilibrar o movimento.

Fuja dos desequilíbrios musculares
Para que nada disso aconteça, você deve sempre trabalhar os músculos que são a favor e os que fazem a oposição ao movimento da corrida de maneira equilibrada e compensatória. Por exemplo, para evitar que o joelho sofra com o movimento falho descrito acima, seria importante investir na cadeira extensora fazendo a extensão e a flexão do joelho.

Além disso, priorize o repouso, ativo ou não. Você pode não perceber, mas os tecidos musculares usados no exercício são reciclados, removidos e trocados por tecidos novos e células novas, para que o seu corpo possa enfrentar uma nova jornada. Dormir bem, então, é fundamental para esse processo, já que é o sono que repara o organismo e o deixa tinindo para as próximas corridas.

(Fonte: Ricardo Munir Nahas, especialista em Medicina do Esporte e diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte – SBMEE)