Fartlek: jogo de velocidade

Atualizado em 08 de agosto de 2016
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O termo fartlek — que significa “jogo de velocidade” em sueco — foi usado pela primeira vez em 1937 pelo técnico de atletismo Gösta Holmér para designar um método de treinamento que mesclava corrida contínua e treinamento intervalado. Originalmente, tinha por objetivo ensinar os atletas suecos a quebrar o ritmo durante provas de cross country e maratonas, tentando assim surpreender e desbancar o finlandês Paavo Nurmi, que dominava o esporte na época.

As variações de intensidade e a natureza contínua do método logo mostraram resultados, promovendo sobrecargas nos sistemas aeróbico e anaeróbico em uma mesma sessão. Assim, no começo da década de 1940, o fartlek chegou aos Estados Unidos, de onde se espalhou para o resto do mundo rapidamente.

Fartlek x Intervalado

A grande diferença entre o treino fartlek e o intervalado tradicional está na “falta de estrutura” do modelo sueco. As intensidades e durações dos estímulos são variáveis, podendo ser estabelecidas pelo próprio atleta, por seu técnico ou por fatores externos predeterminados, como características do percurso ou até por música.

Enquanto o treino intervalado preestabelece duração dos tiros, intervalos e ritmos de execução, no fartlek a base é uma corrida leve a moderada constante, a partir da qual se iniciam estímulos de intensidade moderada a muito intensa, retornando para o ritmo base, sem pausa, ao final dos mesmos. A duração dos tiros pode ser definida pela vontade do atleta (correr forte até ficar muito ofegante, depois diminuir), por obstáculos no percurso (fazer todas as subidas fortes ou correr rápido por alguns minutos sempre que avistar um cachorro) ou por brincadeiras como usar a função randômica (shuffle) do MP3 player e correr forte ou fraco de acordo com o ritmo das músicas tocadas.

Benefícios do Fartlek

Treinos imprevisíveis ajudam o atleta a manter o foco durante toda a corrida e o deixam mais preparado para variações de ritmo ou de percurso que possam ocorrer durante uma competição. O estresse provocado nos sistemas aeróbico e anaeróbico em uma mesma sessão aumenta significativamente o condicionamento cardiovascular, promove adaptações bioquímicas que auxiliam no processo de eliminação de resíduos metabólicos (ácido láctico) e gera, em uma sessão mais curta, sobrecargas semelhantes a treinos longos ou de intensidade maior que a média registrada durante o fartlek — isso sem contar que é um jeito divertido de incrementar os treinos com trabalho de qualidade, mesmo em dias de rodagem.

Matéria publicada na Revista VO2 Bike, edição 97, outubro de 2013