Dica do Especialista: treino na areia

Atualizado em 15 de março de 2021
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Por Felipe Bomfim

Nós já sabemos que variar os treinos para não enjoar é bom para manter a motivação em dia, e que manter os músculos fortes pode ajudar a melhorar o desempenho na hora da corrida. Partindo desses princípios, que tal trabalhar um tipo de treinamento que alie esses dois conceitos?

Ao contrário do que algumas pessoas possam imaginar a atividade física na areia não é um treinamento leve. Esse tipo de exercício exige muito do corredor, mas também oferece grandes benefícios.

“A areia provoca um aumento na intensidade nos treinos. O ambiente talvez gere essa maior sensação de prazer e liberdade, causando essa falsa sensação de treino leve”, afirma o professor Leonardo Marmitt, diretor técnico da Just Run, que ainda fala sobre as vantagens de treinar nesse tipo de terreno.

“A corrida na areia gera diferentes exigências motoras e fisiológicas nos corredores, aumentando a estabilidade na corrida, em virtude do solo ser mais fofo e causando acréscimo na intensidade do treino com relação a terrenos mais estáveis e duros.”

Por causa do terreno mais instável e esburacado, a areia também pode aumentar ou até mesmo criar algumas habilidades para o corredor. O treinador Marmitt, cita as principais:

– Aumento do recrutamento de unidades motoras

Unidades motoras são o conjunto de neurônios e fibras musculares que, quando recrutadas, aumentam a força dos músculos para exercer movimentos na hora da corrida.

-Maior capacidade de propriocepção

Aumenta o extinto de localização espacial do corredor, permitindo que ele controle sua posição e orientação automaticamente.

-Mudança mecânica

O corredor acaba utilizando as pontas do pés ao invés do calcanhar para realizar o movimento da corrida, de forma mais natural.

Para alcançar esses resultados, o corredor deve optar por treinos mais lentos, tiros curtos e deixar o pace um pouco de lado, já que a intensidade do treinamento é maior – devido à instabilidade do terreno. Segundo o treinador, uma boa forma de medir o nível de intensidade é ficando atento à frequência cardíaca. Ele também alerta sobre os riscos que uma carga exagerada de exercício pode provocar.

“Deve-se tomar cuidado com a quantidade e duração dos treinos realizados na areia, em virtude desse aumento de intensidade e da mudança na mecânica da corrida. Sugiro que deva ser feito no máximo uma vez na semana, para atletas de nível mais elevado e no máximo uma vez no mês para os iniciantes”, recomenda o treinador, que ainda afirma: “como em qualquer tipo de treino, o exagero é sempre um vilão, vá com calma e respeite os sinais do seu corpo.”

Vale lembrar que imprevistos na areia como pedras, mariscos, vidros e outros, são comuns e podem causar graves danos aos pés. Por isso, o treinador indica o uso de calçados para correr nesse tipo de terreno.

“Na areia temos uma menor necessidade de absorção de impacto, assim os tênis minimalistas são os ideais. Calçados que evitem a entrada de areia pelo cabedal e tecido ajudam muito o corredor. Sempre sugiro que, na areia, se corra com meias de cano longo, que evitam o atrito do calçado com a pele.”

Por fim, o treinador ressalta a importância de um acompanhamento profissional, antes de sair correndo por aí. “Ser orientado por um profissional é sempre o melhor caminho. Ele saberá dosar as intensidades e quantidades de treino variando não só a areia, mas os demais tipos de terreno nas corridas”, encerra Marmitt.