Por que correr na terceira idade?

Atualizado em 22 de dezembro de 2017
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A corrida de rua traz inúmeros benefícios para a saúde física e mental da pessoa em todas as fases de sua vida, inclusive na terceira idade, quando ocorrem uma série de mudanças no organismo do idoso, como alterações cardiovasculares e redução da massa magra. Contudo, após os 60 anos, justamente por causa dessas transformações fisiológicas, o cuidado na hora de treinar deve ser redobrado.

De acordo com o cardiologista Marcelo Sobral, a corrida, assim como outros exercícios físicos, ajudam a melhorar o condicionamento aeróbio, ganho de massa muscular, controle da glicemia, redução do peso corporal e controle da pressão arterial em repouso, sem falar na melhora da autoestima. “Porém, para que isso ocorra, é preciso que o treinamento leve em consideração os resultados da avaliação médica e que seja planejado e individualizado”, explica o médico.

Foi seguindo esses conselhos que Manoel Minoru Suenaga, 69 anos, começou a correr há onze anos com o objetivo de combater os efeitos do sedentarismo. “Estava com hipertensão arterial, colesterol alto e triglicérides totalmente fora do controle. Passei, então, a me aventurar em corridas e um ano depois estava fazendo minha primeira maratona”. Hoje o corredor está com a saúde em dia e cheio de planos para sua nova vida de atleta: “Como já não tenho mais ambições profissionais, meu sonho agora é completar as seis Majors”.

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Além desses benefícios, o cardiologista explica que a atividade física exerce, também, uma importante ação sobre a função pulmonar. Prova disso é a transformação que a corrida de rua fez na vida de Jair Alves de Oliveira, 66 anos. Por conta do cigarro, ele já havia perdido 30% do pulmão e estava com uma expectativa de vida muito reduzida. “Larguei o vício do fumo e o substituí pelo da corrida. Sabe aquelas pessoas que acordam tremendo de abstinência? Sou eu! Não consigo ficar um dia sequer sem correr. Resultado foi que recuperei todo meu pulmão e com a saúde que estou hoje posso afirmar que vou continuar assim, correndo, até os 90 anos”.

Apesar da melhoria na qualidade de vida, na hora de treinar, o idoso precisa levar em conta que seu organismo já não é mais o mesmo. “As principais mudanças que ocorrem nessa faixa etária são as alterações cardiovasculares e musculoesqueléticas. Sobre esta última, estudos apontam que, entre os 55 e 70 anos, há um decréscimo de 30-40% da força muscular, o que explica a redução da massa magra e da estatura, e a diminuição da potência e da força”, diz o especialista.

Além disso, o profissional destaca a importância do idoso tomar cuidado com a amplitude dos movimentos durante a corrida, uma vez que nessa fase as pessoas apresentam articulações limitadas que as impedem de realizar movimentos de grandes amplitudes.

(Fonte: Marcelo Sobral, cardiologista do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo)