Ice Marathon: Mordido pelo gelo

Atualizado em 26 de abril de 2016

Correr a Ice Marathon não é para qualquer um. Uma das provas mais difíceis do mundo, a corrida acontece na Antártica e é alvo de alguns corredores mais aventureiros. O catarinense Sérgio Lopes está entre eles, e, mesmo com os dedos congelados, conseguiu terminar os 42 km em pouco mais de 5 horas sob um frio de -21º C e em 13º lugar. É esta incrível história que você lê agora no Eu Fui!

Após percorrer 42 km em pouco mais de 5 horas sob um frio de -21º C, Sérgio Lopes pode finalmente avistar a tão aguardada linha de chegada. Em seu bolso, as bandeiras de Santa Catarina e de Florianópolis estavam prontas para serem estendidas naquele momento. A homenagem, entretanto, teve que ficar para mais tarde, uma vez que o atleta estava impossibilitado de realizar o movimento porque suas mãos estavam congeladas. Apesar da séria lesão, Sérgio conseguiu concluir um dos mais difíceis desafios de sua carreira de atleta amador, chegando em 13º lugar na Ice Marathon 2013, na Antártica.

Para conseguir superar esse e muitos outros obstáculos, o triatleta catarinense um longo e intenso treinamento físico e psicológico. “Como não estou acostumado a correr no gelo, fui bem conservador na hora de panejar os meus treinos”, conta ele, que se preparou por cerca de dez meses para a prova. “Queria estar pronto para tudo, mas creio que cinco meses sejam suficientes”.

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A estratégia elaborada por seu treinador consistiu em manter nos primeiros meses o treinamento base do triathlon para depois retirar a natação e aumentar o foco nos treinos de corrida e bike. “Ele acrescentou também treino funcional em academia para fortalecer os meus músculos”, relembra o atleta. Duas táticas, entretanto, foram fundamentais nessa etapa de preparação: as corridas na areia fofa para simular a neve e o os treinos em uma câmara frigorífica para fortalecimento mental. “Depois de participar dessa prova, percebi que você pode chegar lá não tão bem fisicamente e se sair bem, mas se não estiver com a cabeça 100% é quase impossível concluir o desafio”, conta.

Parte de seu treinamento incluiu, ainda, um trabalho de blindagem da mente que Sérgio fez com uma coach, que consiste em afastar pensamentos ruins focando em algo positivo. Este preparo o ajudou muito até mesmo antes da corrida, quando por várias vezes ele pensou em desistir. “Durante a maratona, foi ainda mais essencial. Toda vez que um pensamento ruim surgia, me distraía lembrando dos meus filhos até que aquela ideia ruim sumisse”.

Apesar de toda a preparação, Sérgio não escapou de sentir na pele a mordida do gelo (frostbite). “Quando estava mais ou menos no km 32, senti que meus dedos da mão haviam congelado”, relembra o corredor, que chegou a sofrer queimaduras de segundo grau. “O rico era grande, mas decidi seguir em frente e terminar a prova”. Por sorte, nada mais grave aconteceu, pois em casos extremos a lesão pelo gelo pode até mesmo levar à gangrena. “Certas coisas podem ter me feito sofrer e sentir dor, mas elas simplesmente precisam acontecer para me fazer crescer e seguir em frente, firme e com fé”, diz.

Após essa experiência, Sérgio passou a ministrar palestras motivacionais nas quais conta, em detalhes, os desafios que ele enfrentou não só na Ice Marathon, como também em muitas outras provas difíceis que já enfrentou. Enquanto isso, continua a treinar para seu próximo grande desafio que ele ainda não quer divulgar, mas garante que será, mais uma vez, de muita superação.

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