Eu Fui!: ultramaratona Mozart 100

Atualizado em 26 de abril de 2016

Sob chuva, ventos muito fortes e uma temperatura média de 10° C, foi dada a largada, no dia 20 de junho, para a 4ª edição da ultramaratona Mozart 100, circuito de corrida realizado na cidade de Salzburg, na Áustria. A prova engloba duas disputas maiores, de 56 km e 102 km, e também percursos menores, de 11,5 km e 25,6 km.

A cidade que abriga a prova é muito bonita, repleta de lugares históricos do período medieval, como castelos e igrejas que remetem a um tempo muito distante. Um cenário magnífico e com belas paisagens que me ajudaram a superar o desafio de encarar os 56,2 km de uma das ultramaratonas mais difíceis que já participei.

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O percurso pode ser dividido em cinco etapas: urbana, montanhas e rios, vales e “muros”, o lago e, por fim, as escadas. A primeira parte se dá na cidade, sendo os cinco primeiros quilômetros em terreno plano e em asfalto, seguidos de alguns trechos com subidas. O frio era tão intenso que eu não conseguia me esquentar mesmo mantendo um pace de 5min30s/km.

No segundo momento, começa a região de trilhas e longas subidas. Devido a altitude, a temperatura foi caindo cada vez mais. E para piorar a sensação de frio, tivemos que atravessar três rios com águas extremamente geladas e, um deles, com correnteza. Em alguns momentos cheguei até mesmo a pensar em desistir, pois sentia mãos, braços e rosto congelados.

Por sorte, logo cheguei a um dos muitos pontos de apoio, que eram distribuídos, em média, a cada 5 km. Alguns eram abastecidos apenas com isotônico, água e gel, enquanto que outros ofereciam, também, coca cola, bolachas, salgados e frutas. Em uma dessas paradas peguei dois sacos plásticos que vi jogados e coloquei nas mãos, como proteção contra o frio. Quando pensei que o pior tinha passado, no km 18 cheguei à região da grande escalada, um dos pontos mais difíceis da prova.

Na terceira etapa da disputa, percorremos um trecho na margem do Lago Fuschl, um lugar lindo, que parecia uma pintura. Nesse momento, o sol resolveu aparecer timidamente, mas foi suficiente para elevar a temperatura e permitir com que mantivesse um ritmo de 5min40s/km.

A partir desse ponto, passei a gostar mais da ultramaratona Mozart 100, e passei a curtir cada momento. Quando cheguei na parte dos muros, com subidas muito inclinadas que variam de 300 m a 900 m, mantive o meu foco e, à medida que ia passando por eles, fui me sentindo cada vez mais confiante.

O quarto trecho ultramaratona Mozart 100 é uma das mais tranquilas da prova. Passa por um lugar muito bonito, que mescla áreas naturais e também urbanas. Aumentei o ritmo no km 53 para 5min30s/km já pensando na linha de chegada. Porém, faltava ainda a última etapa, a das escadas. São 150 degraus para o céu, seguidos de uma descida de 400 m e depois mais 100 degraus em descida. Foi uma das piores partes.

Passado este desafio, acelerei em direção ao pórtico da chegada e, sob aplausos e os gritos do locutor, que chamava meu nome, finalizei a prova com muita emoção com o tempo de 7h07min44s, ficando em 34º na colocação. Sem dúvida, a ultramaratona Mozart 100 ficará nos corações e mentes de todos os atletas que participaram desta magnífica corrida.

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