Eu fui!: Meia Maratona de Nova York 2016

Atualizado em 22 de junho de 2017
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Comecei o ano de 2016 certa de uma coisa, queria focar em provas de 21 km e, de preferência, em lugares que eu gostasse. Participar, então, da Meia Maratona de Nova York, dia 17 de março, seria uma combinação perfeita. Poderia juntar, literalmente, a fome com a vontade de correr e comer, já que eu considero NY um lugar com um roteiro gastronômico incrível.

Havia feito minha segunda meia maratona há poucos dias da decisão de entrar para o sorteio da 2016 United Airlines NYC Half Marathon, sem muita esperança, pois sei como estas provas são disputadas. Do momento da inscrição até o dia sorteio, foi um mês interminável, até que, em dezembro, eu enfim recebi uma notificação no meu celular sobre o débito do valor da inscrição. Pronto, não tinha mais jeito, estava oficialmente inscrita. Conversei com a minha treinadora e começamos o trabalho, com direito a um grande treino de luxo, a meia maratona da Disney, no começo de Janeiro.

Chegada a grande semana, estava com tudo pronto: roupa para a corrida (estava previsto neve para o grande dia), hotel, transfer, suplementação e reserva para os restaurantes. Decidi chegar na sexta, dois dias antes da corrida, para fazer tudo com calma, o que foi ótimo, já que o meu voo atrasou 5 horas. Assim que cheguei em NY, corri para a feira para retirar o meu kit. Apesar de pequena, era bem organizada e havia opções para compras de produtos da meia maratona, suplementos e acessórios.

Na noite anterior à prova veio a melhor notícia: não nevaria mais. Acordei, me arrumei e segui para a largada, que seria dentro do Central Park, com um frio cortante, beirando o zero grau. Deixei meus pertences no guarda-volume, que eram caminhões que levariam nossas coisas para a chegada, que seria em outro ponto de Manhattan. Depois entrei em uma das enormes filas do raio-X que, apesar de longas, fluíram bem. A segurança estava reforçada, mas sem neuras.

As largadas estavam divididas em três ondas, sendo que eu estava na segunda, que largaria 15 minutos após o início da prova, que foi às 7h30. Nesta hora eu já não sentia as pontas dos dedos das mãos, pois as luvas não adiantavam de nada. O frio era surreal, ainda mais para quem treinou durante o verão brasileiro.

Dada a largada, era hora de colocar a estratégia em prática. Queria manter o mesmo pace durante toda a prova, mesmo sabendo que os primeiros 10 km, dentro do Central Park, seriam mais difíceis, por ser um percurso com falsas subidas e estreito para tantos corredores (cerca de 25 mil). Por mais que eu já tivesse corrido diversas vezes naquele parque, desta vez era diferente, pois não estava a passeio. O frio ia e voltava, mas o céu azul compensava tudo. Consegui apreciar toda a paisagem e reparar em cada detalhe por onde passava.

Saindo do Central Park, o percurso seguiu para a Sétima Avenida, sentido Times Square. É maravilhoso quando você conhece a cidade, pois fica muito mais fácil desenhar a estratégia. Eu sabia que a partir daquele ponto, só teríamos retas e leves descidas. Além disso, correr com pessoas fortes ao seu redor dá uma impressão de que eles estão te puxando, o que me ajudou a desenvolver um pace muito melhor do que o esperado.

A descida da Sétima foi bem tranquila e era incrível a quantidade de pessoas nas ruas, inclusive crianças de colo. Parecia que o frio não era empecilho para nada. Todos estavam torcendo, tocando instrumentos e haviam também alguns DJs e bandas da organização da prova durante o percurso.

Chegando em Times Square, deu aquela arrepiada, pois olhei para o lado e me vi no telão. Parecia que estava vivendo um sonho. Não era uma meia maratona qualquer, era 21 km em uma cidade muito especial para mim. Naquela parte, estava acontecendo, simultaneamente, uma corrida para crianças.

Saí de Times Square, entrei na Rua 42, onde havia um enorme posto com gel de carboidrato, e segui sentido West Side Highway, que beira o Rio Hudson. Esta parte do percurso não tem muitos detalhes ou belas paisagens, mas as pessoas continuam nas ruas, torcendo, fazendo high five, aquele gesto em que duas pessoas batem uma mão contra a outra num gesto de comemoração.

De longe eu conseguia ver o One World Trade Center, mas parecia que não chegava nunca. Mais ou menos no km 19, passei ao lado dele e me emocionei ao lembrar de tudo o que aconteceu ali. Ao mesmo tempo, não vou mentir, passou um sentimento de insegurança, mas apaguei tudo o que passava de ruim na minha cabeça naquela hora, engoli o choro de emoção e segui em frente.

Entrei no túnel do Battery Park e perdi o sinal do GPS, mas fiquei muito feliz, porque foi o único momento em que não senti frio. Por mais que eu estivesse correndo com a roupa certa, o frio persistia e castigava, tendo sido o maior vilão desta prova, na minha opinião. Ao sair do túnel, corri por mais ou menos 1 km e cheguei na região de Wall Street, onde foi a chegada.

Quando vi o pórtico, olhei para o relógio e comecei a vibrar. Eu ia conquistar um recorde pessoal! Passei a linha de chegada e segui meio atordoada para pegar a medalha. Só conseguia ouvir os americanos parabenizando os corredores. É muito legal ver o quanto eles valorizam o esporte e os atletas, fazendo você se sentir realizado e muito importante naquele momento.

Após a medalha, que é linda por sinal, peguei a manta térmica, o kit de “recuperação” e os meus pertences no caminhão de guarda-volumes. Encerrei a Meia Maratona de Nova York realizada e com a certeza de que se tiver que fazer esta prova de novo, eu faria sem pensar duas vezes.

 

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