Eu Fui!: Maratona de Boston

Atualizado em 26 de abril de 2016

Assim como todo corredor de longa distância, sempre tive o sonho de participar da Maratona de Boston, considerada umas das provas mais tradicionais do circuito mundial. Em setembro do ano passado, uma agência de viagem entrou em contato comigo oferecendo uma vaga para a edição de 2015, oportunidade que agarrei sem nem pensar duas vezes. Por sorte, consegui ainda a companhia do meu tio, que mora nos Estados Unidos e aceitou encarar o desafio ao meu lado.

Chegada a semana da corrida, embarquei para Nova York para encontrar meu tio e de lá partimos para Boston. No dia 17, quinta-feira, fomos retirar nossos kits, aproveitamos para passear e fazer algumas compras na exposição da Maratona de Boston. Havia no local aquele enorme e tradicional painel com as Majors Marathons, onde tirei uma foto mostrando minha sequência até aquele momento, que incluía Nova York (2013), Berlim (2014) e, agora, Boston (2015).

Tiramos o restante do dia para fazer um trote leve pela cidade. Nos outros dois dias que antecederam a prova aproveitamos para descansar e abastecer nossos corpos com muito macarrão. Verificamos a condição do tempo para o grande dia e vimos que a previsão era de muito frio (média de 5° C), chuva e ventos fortes contra. Isso causou uma certa ansiedade e decidimos voltar até a exposição da maratona para comprar uma capa de alumínio para nos proteger da chuva antes da largada. Ao sair de lá, passamos pelo quarteirão da linha de chegada, que já estava interditado para os veículos e cheio de pessoas tirando fotos.

Chegado o dia da tão esperada Maratona de Boston, acordamos por volta de sete da manhã, tomamos nosso café da manhã e fomos andando até o Commom Park, de onde saiam os ônibus que levariam os atletas até Hopkinyon, uma pequena cidade na zona rural. Chegando lá, tiramos mais fotos, aproveitamos para ir ao banheiro e ficamos aguardando sentados em uma tenda o horário da largada.

A prova percorre 42,195 km por ruas e estradas sinuosas, seguindo as rotas 135, 16 e 30 do estado, passando por pequenas cidades e vilas até o centro de Boston, com a linha de chegada localizada na Praça Copley, ao lado da Boston Public Library. Ao todo, o trajeto passa por oito cidades de Massachusetts: Hopkinton, Ashland, Framingham, Natick, Wellesley, Newton e Brookline, terminando em Boston.

O percurso é considerado um dos mais duros do mundo por causa das colinas Newton, uma série de quatro colinas, entre elas a “Hearthbreak Hill”, a maior e mais ascendente delas, com 600 metros de subida. Apesar de ter um grau de elevação de apenas 27 metros, ela tem uma subida constante por mais de meio quilômetro e se encontra na altura dos quilômetros 31 e 32 da prova, momento em que os corredores já se encontram exaustos e quando, normalmente, ocorre o fenômeno conhecido como “bater no muro”.

Mas diversos outros pontos do percurso acabam compensando todo o esforço. Um deles é a chegada ao local onde ficam as garotas do Wellesley College. Um quilômetro antes você já começa a ouvir os gritos, que vão aumentando a cada passo. Ao chegar, você se depara com centenas delas pedindo beijos e abraços, e segurando cartazes, uma tradição que se mantém ano após ano.

Mas não são apenas essas meninas que estão lá para animar os atletas. Todos os moradores das cidades por onde passamos ficam nas ruas para saudar e dar apoio aos corredores. É emocionante. Não é uma prova para melhorar tempo, mas é inesquecível e muito especial poder completá-la.

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