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Respirar pelo nariz pode melhorar memória, segundo estudo

Atualizado em 07 de dezembro de 2018
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Provavelmente você ouviu falar que a respiração é capaz de aliviar a ansiedade e acalmar os nervos, principalmente se já participou de uma aula de yoga ou de meditação. E não é papo esotérico, não: embora não existam evidências científicas que comprovem tal afirmação, há um número crescente de experimentos que têm observado a influência da respiração não apenas sobre o estado de nossas mentes, mas para outras melhorias no funcionamento do corpo. Em outubro, por exemplo, o The Journal of Neuroscience publicou um estudo que considerou a relação entre a memória e a maneira como respiramos.

O reconhecimento de odores é um mecanismo chave na sobrevivência de muitas espécies, incluindo os humanos. Por isso, os neurocientistas acreditam que o elo entre pensamento e respiração é uma adaptação evolutiva precoce.

Estudos comprovam que quando roedores cheiram, o fluxo de ar inodoro inicia a atividade cerebral, estimulando neurônios no bulbo olfativo, que então sinaliza uma parte do cérebro envolvida na criação e armazenamento de memórias, o hipocampo.

Para o estudo de outubro, os pesquisadores do Instituto Karolinska, em Estocolmo, na Suécia, e outras instituições realizaram um experimento para ver se algo semelhante acontece com humanos quando respiram pela boca.

24 jovens voluntários, homens e mulheres, inalaram 12 fragrâncias diferentes. Alguns cheiros eram familiares, como a essência da laranja, enquanto outros eram desconhecidos. Os participantes foram instruídos a memorizar cada perfume, e passaram por este processo em duas ocasiões.

 

 

Na primeira, sentaram-se em silêncio por uma hora imediatamente após o farejamento, com os narizes fechados para evitar a respiração nasal; na segunda, permaneceram sentados por uma hora com fita adesiva sobre a boca para evitar a respiração oral.

A cada hora, seus cérebros deveriam consolidar as memórias dos cheiros, de acordo com a hipótese dos pesquisadores. Depois de cada ocasião, os voluntários foram expostos a odores repetidos e outros novos. Feito isso, foram questionados se um odor havia sido inalado antes, na primeira fase.

Todos os participantes foram muito melhores em reconhecer os cheiros ao respirar pelo nariz durante a hora em repouso. A respiração bucal resultou em uma lembrança mais confusa e em respostas incorretas.

“Respirar pelo nariz fortaleceu a consolidação da memória (…) presumivelmente, a respiração oral foi menos eficaz porque contornou o bulbo olfatório”, diz Artin Arshamian, neurocientista do Instituto Karolinska e principal autor do estudo.

Se respirar pelo nariz pode melhorar as memórias de longo prazo das pessoas não relacionadas aos odores — ou de outra forma aumentar a cognição — ainda é dúvida. “No entanto, eu não ficaria surpreso se tivesse um efeito semelhante sobre a memória do dia a dia (…) dado o fato de que a respiração tem sido usada para mudar estados mentais por milhares de anos, nós ainda não sabemos quase nada sobre respiração e função cerebral em humanos”, diz Arshamian.