Gaúcho bate recorde mundial de corredor cego sem guia: 69 km

Atualizado em 08 de dezembro de 2016
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O gaúcho Vladmi Virgílio dos Santos, de 46 anos, estabeleceu, no último dia 1º de dezembro, o recorde mundial de corredor cego sem guia: 69 km. O atleta completou a distância em 9h15min. A marca derrubada pertence ao francês Clement Glass, de 28 anos, que registrou 54 km em setembro do ano passado.

Vladmi, que já foi tema de reportagem no Fantástico e deu entrevista ao programa de Fátima Bernardes, utilizou um cajado e se orientou pelo barulho do mar para bater o recorde mundial de corredor cego. Os 69 km separam dois pontos localizados na Praia do Cassino, entre Rio Grande e Barra do Chuí, e fazem parte de uma ultramaratona de 226km chamada Extremo Sul.

O corredor parou em um dos pontos de apoio já sabendo que havia assinalado o recorde mundial. Ele não pôde continuar porque estava envolvido também na organização da prova, ocupando o cargo de diretor-técnico. Cansado pelo trabalho, poderia até ter rendido mais na corrida. Batida a marca, voltou à labuta.

 

 

Com guia, Vladmi já completou cinco provas de 250 km em desertos, incluindo o temido Atacama. O ultramaratonista diz que já correu 135 km sem guia, mas não se preocupou em enviar os dados para o Guinness Book para homologar as marcas. Desta vez resolveu fazê-lo – e espera que o registro sirva como trunfo para obter patrocínio.

Vladmi enxergava até os 33 anos de idade. Trabalhava no porto de Rio Grande, orientando comandantes de navios no momento da atracação. Aos poucos, sua visão foi se tornando mais embaçada, consequência de uma doença degenerativa. Em oito meses, o portuário perdeu totalmente a visão e foi aposentado por invalidez.

Inicialmente um passatempo, a corrida hoje é a principal ocupação de Vladmi, que chegou a treinar dentro de um frigorífico para disputar uma ultramaratona na Antártida, a cinco graus negativos. O insucesso na busca por patrocínio que lhe custeasse as despesas, sobretudo a inscrição de US$ 12 mil, inviabilizou a empreitada.