Paralimpíadas: a busca pela vaga no Rio 2016

Atualizado em 20 de setembro de 2016

O atleta Júlio César Agripino Santos, de 25 anos, foi o vencedor, neste domingo (31 de janeiro), da etapa São Paulo do Circuito do Sol, no percurso de 10 km. Ele completou a distância em 32min34s. O bom tempo conquistado, contudo, não é o que mais impressiona. Júlio tem uma doença degenerativa na vista que o fez perder já quase toda a visão de um olho. Mas a evolução do problema e as dificuldades para lidar com isso têm servido de combustível para alimentar a dedicação do atleta na luta por uma vaga nas Paralimpíadas, entre os dias 7 a 18 de setembro de 2016, no Rio de Janeiro.

Aos 16 anos, Júlio começou a apresentar dificuldades para enxergar. Foi detectado que ele tinha ceratocone, uma doença degenerativa progressiva que provoca o afinamento da córnea, levando ao aumento do astigmatismo e miopia e acentuada baixa de visão. “Na claridade, quase não enxergo nada e quando estou próximo das pessoas, não consigo ver direito o rosto delas, pois a imagem fica fosca e distorcida”, conta o atleta, que sente dificuldade também na hora de treinar. “Costumo cair de vez em quando ou esbarrar em colegas, mas isso não tira o meu ânimo, não. Faço um bom trabalho com meu treinador não só físico, como psicológico também, para conseguir superar esse problema de visão”.

Júlio começou a correr aos 19 anos, por brincadeira, mas logo foi conquistado pelo esporte. “Costumava treinar sozinho, até que amigos me apresentaram à Neide, do Projeto Vida Corrida e, então, tudo começou a fluir. Muitas coisas boas passaram a acontecer, até que, há dois anos, entrei para o Centro Olímpico, onde estou até hoje”.

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Candidato a disputar os Jogos em três modalidades (1.500m, 5.000m e 10.000m), Júlio tem se empanhado muito nos treinos no Centro Olímpico. “Quero muito conquistar uma medalha para o meu país”, diz ele, confiante de si mesmo. E chances de pódio ele realmente tem, uma vez que, segundo seu treinador, Luiz Gustavo Arantes Cândido, o atleta corre abaixo do índice exigido pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC, em inglês).

O problema é que só ter o índice não garante sua vaga nas Paralimpíadas deste ano. Júlio precisa, ainda, ser aprovado como paratleta, pois sua deficiência de visão pode não ser suficiente para se enquadrar na categoria B3, que é a das pessoas que conseguem definir imagens, mas que possuem acuidade visual de 2/60 a 6/60 e/ou campo visual de mais de 5 graus e menos de 20 graus (saiba mais). Segundo o treinador, agora é esperar e ver o que acontece. “Não queremos criar uma expectativa muito grande, mas estamos confiantes de que ele será aceito”, comenta.